Transformers 3 - Trailer 2
Depois do teaser que mostrava apenas algo da introdução da história , o segundo trailer de Transformers 3 entrega o que Michael Bay tanto adora e que fez sua fama , e também sua caveira - explosões contínuas . Numa cadência mais séria gerada por várias frases de efeito , o vídeo ilustra com ''imagens épicas'' - como de costume para Bay - a trama , onde os Decepticons parecem sair da Lua e infernizar em definitivo na Terra . De parecido com o trailer do segundo e fatídico filme, temos o somatório de pancadarias culminando com um frame final megalomaníaco . Dá pelo menos para se animar com a luta em área urbana, que funcionou tão bem no primeiro filme da trilogia . Seja lá o que Bay preparou , podemos esperar muita barulheira , robôs em conflito, e Shia LaBeouf aos berros - como sempre . É torcer pro caldo não desandar .
3 Estrelas ***
Harry Potter 7.2
Após um primeiro filme introspectivo e de contornos dramáticos mais densos , o trailer da aguradadíssima segunda parte revela o que todos já esperavam : a ação propriamente dita . Os contornos épicos do último capítulo da saga são propostas-base do filme - como o slogan '' A Épica conclusão '' do trailer já demonstra - e o ato de extravasar físicamente toda a emoção angariada não só em HP 7.1 , mas em toda a franquia , é louvável , se bem realizado . Desandar num momento desses é pouco provável , e se os atos do último filme forem de fato elevados a um patamar épico - como tanto gostam de repetir - pode-se esperar um longa que agrade muito - principalmente os fãs - e que faça justiça com toda a série que o precede .
4 Estrelas ****
Fornecendo críticas há 2 anos, o OSN é uma colaboração de Gabriel Papaléo e Joaquim Pedro, onde o Cinema é o assunto principal a ser analisado, debatido e admirado.
Old School Nerds
quinta-feira, 28 de abril de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Pânico 4
Wes Craven de volta á boa forma.
Quando a volta de Wes Craven, o tóxico A Sétima Alma, chegou aos cinemas, foi uma decepção geral. Percebeu-se o que o diretor queria fazer, criar um novo serial killer maníaco para as telas, mas sua proposta foi extremamente mal-sucedida pelos péssimos diálogos e, principalmente, por levar a sério uma estrutura que ele mesmo satirizou anteriormente, na trilogia Pânico. A trilogia, por sua vez, estava prestes a se revitalizar, com os Irmãos Weinstein querendo um reboot o mais rápido possível. Porém, Craven não queria isso. Já que era pra reiniciar/continuar tudo, que fosse ele, o criador da série junto com Kevin Williamson. Então, nada seria melhor pra Craven que voltar á série que fazia graça justamente com que ele errou no filme passado. E na busca de atrair novos públicos, a campanha de divulgação toma como slogan a frase: Nova década, novas regras. Porém, essa frase, que é dita no filme mais de uma vez, não significa nada nesse novo Pânico. As regras antigas continuam vigentes e provam que o que assustava em 96, assusta ainda hoje. O que se renova é o elenco e a forma como a trama é mediada.
O começo do filme investe no que Williamson criou no próprio segundo filme: a série Stab. Retratada em tela de forma hilária, o conceito aparece apostando na mesma metalinguagem que a trilogia tratava tão bem. O conceito é devidamente explicado para o público atual(o que só mantinha a ideia de apresentar a série pra nova década), o que não causa incômodo algum pra quem já o conhece. Então, após essa introdução, surge uma grande cena com Ghostface e surge o título na tela, atropelando tudo. Interessante notar que Craven e Williamson corrigiram, aqui, o pequeno erro do primeiro filme, quando o título surgia de cara, antes do alarde da cena inicial com Drew Barrymore. Esse início, aliás, é bem parecido com o do filme de 96. Não apenas testando(e provando) que sua fórmula continua dando certo, Williamson parece querer desenferrujar a si mesmo, após 13 anos longe da série(Ehren Kruger ass[ass]inou o terceiro filme). Logo, não dá pra negar que os realizadores não querem, embora o marketing diga o contrário, criar novas regras pra essa década. O que funcionou no primeiro filme, a receita metalinguística da trama policial, é feito novamente.
E Williamson continua se desenferrujando ao criar novos personagens adolescentes e demonstrar que ainda consegue criar afiadíssimas conversas críveis áquele universo. Tendo bastante cautela antes de introduzir Sidney na trama, o escritor mostra que a cidade foi bem afetada pela série Stab de formas que não soam gratuitas. Os Ghostfaces nos postes e a Stab-a-thon são as melhores. Os já ambientados na série vão perceber que a construção de personagens pode até ter sido atualizada, mas não muda em nada. Hayden Panattiere substitui Rose McGowan, Emma Roberts substitui Neve Campbell e os cinéfilos do clube substituem Randy. Já os não-iniciados também vão reconhecer, já que Williamson volta a mastigar as referências. Quando Roberts está no quarto com seu namorado e a janela está aberta, Sidney fala que "você me lembra muito eu no passado". Desnecessário, ainda que uma divertida referência ao primeiro.
Continuando nesse campo, Williamson aposta pesado na nostalgia. A mira ruim de Ghostface, que tinha que acertar ou bem de perto ou errar acertando no ombro, não só é satirizada como vira detalhe crucial pra trama. Suas aparições continuam a ser divertidas, mas são sempre escancaradas. A aparição na Stab-a-thon, por exemplo, é bem tosca. E são esses pequenos elementos que constroem Ghostface como um dos Serial Killers mais legais do cinema, com o roteiro tornando-o não só vulnerável(o quanto que ele sempre apanha de Sidney é incrível) como engraçado por si só(tropeçar não é uma novidade pro vilão).
Se os primeiros filmes criticavam o esquema óbvio das mortes em slasher movies(numa época em que o gênero era popular), o novo Pânico critica as franquias que preferem mostrar vísceras que pregar sustos. Jogos Mortais 4 "não é assustador, é nojento", a franquia Premonição idem. Tudo isso dito pelo roteiro de Williamson enquanto os personagens usam constantemente seus celulares e IPhones pra mediar a tensão. Essa é a coisa mais inovadora no quarto filme, em termos narrativos. Se antes a presença de Ghostface demorava mais a se espalhar, aqui todos sabem de tudo na hora, com os eletrônicos sempre em mãos. O ápice dessa atualização é o que o maníaco faz pra mostrar seus assassinatos: câmeras, que levam direto pra internet. A atualização dos diálogos já era esperada, mas ao adotar elementos novos á estrutura antiga, Pânico 4 até soa inovador perto dos remakes da Platinum Dunes(Sexta-Feira 13, Hora do Pesadelo). Os personagens fanáticos por cinema determinam que os assassinatos são com "novas regras". Ainda que equivocado, afirmar isso acaba não sendo tão errado assim, ao vermos que o filme não acaba na festa e sim após ela. A indispensável reviravolta final, mania de tantos filmes atuais(não só de terror), aparece aqui também, o que prova novamente que Williamson e Craven não perderam a mão. Nem no terror, nem na sátira.
Enquanto Williamson cria passagens hilárias(a morte de um dos policiais é impagável) e estrutura seu filme de forma bem coesa, Wes Craven prova que conhece como ninguém a arte de assustar uma pessoa, ainda que não filme com o vigor do filme de 96. Em algumas cenas, é visível o que Craven "esqueceu" com o tempo. A insistência em dirigir as cenas de terror com a câmera parada, ainda que de forma velada, representa a atual falta de tato de Craven. A angústia causada pelo diretor ao seguir os personagens com uma câmera que entortava frequentemente, dava uma sensação de terror que nunca é igualada em Pânico 4. Claro que estamos falando de uma direção excelente que privilegia cada passagem pra criar um clima de suspense sem jogar na cara, mas comparada á direção de tirar o fôlego do Pânico 1, aqui Craven demonstra perder força. A fotografia de Peter Deming, que está na série desde o 2, é mais ensolarada que a sombria fotografia cinzenta do primeiro filme. O bom é que esse ensolarado se restringe as cenas de interação entre os adolescentes, o que não torna incômoda a mudança leve para uma palheta mais escura nas cenas noturnas de morte. Craven usa das sombras pra ocultar algumas coisas e ainda recria a excelente passagem do "namorado preso na cadeira" no meio da história, mas não usa mais a trilha de Marco Beltrami, meio apagado aqui, pra criar a tensão que esta causava no primeiro.
Terminando inferior ao primeiro apenas por diminuir consideravelmente o ritmo em seu segundo ato e por erros como o de revelar a motivação do assassino, Pânico 4 termina muito bem e coloca novamente a franquia nos eixos, pra que torçamos por uma continuação. Ainda que Emma Roberts definitivamente não saiba atuar fugindo de sua personagem padrão, o resultado envolvendo-a é legal e o clímax, muito parecido com o do primeiro, sai um pouco prejudicado apenas pela artificialidade da atuação da mesma. E explicando o que apontei anteriormente, mesmo que tenha dado razões para o assassino ser assim(o que, ironicamente, vai de encontro ao que foi dito no primeiro filme), o filme honra muito bem o legado de Ghostface. Um dos mais divertidos filmes de terror recentes.
O que Pânico 4 fez foi o que Sidney Prescott atribuiu, numa passagem que gera boas risadas, como primeira regra de um remake: "Don't fuck the original". Mais coerente, impossível.
**** 4 Estrelas
Quando a volta de Wes Craven, o tóxico A Sétima Alma, chegou aos cinemas, foi uma decepção geral. Percebeu-se o que o diretor queria fazer, criar um novo serial killer maníaco para as telas, mas sua proposta foi extremamente mal-sucedida pelos péssimos diálogos e, principalmente, por levar a sério uma estrutura que ele mesmo satirizou anteriormente, na trilogia Pânico. A trilogia, por sua vez, estava prestes a se revitalizar, com os Irmãos Weinstein querendo um reboot o mais rápido possível. Porém, Craven não queria isso. Já que era pra reiniciar/continuar tudo, que fosse ele, o criador da série junto com Kevin Williamson. Então, nada seria melhor pra Craven que voltar á série que fazia graça justamente com que ele errou no filme passado. E na busca de atrair novos públicos, a campanha de divulgação toma como slogan a frase: Nova década, novas regras. Porém, essa frase, que é dita no filme mais de uma vez, não significa nada nesse novo Pânico. As regras antigas continuam vigentes e provam que o que assustava em 96, assusta ainda hoje. O que se renova é o elenco e a forma como a trama é mediada.
O começo do filme investe no que Williamson criou no próprio segundo filme: a série Stab. Retratada em tela de forma hilária, o conceito aparece apostando na mesma metalinguagem que a trilogia tratava tão bem. O conceito é devidamente explicado para o público atual(o que só mantinha a ideia de apresentar a série pra nova década), o que não causa incômodo algum pra quem já o conhece. Então, após essa introdução, surge uma grande cena com Ghostface e surge o título na tela, atropelando tudo. Interessante notar que Craven e Williamson corrigiram, aqui, o pequeno erro do primeiro filme, quando o título surgia de cara, antes do alarde da cena inicial com Drew Barrymore. Esse início, aliás, é bem parecido com o do filme de 96. Não apenas testando(e provando) que sua fórmula continua dando certo, Williamson parece querer desenferrujar a si mesmo, após 13 anos longe da série(Ehren Kruger ass[ass]inou o terceiro filme). Logo, não dá pra negar que os realizadores não querem, embora o marketing diga o contrário, criar novas regras pra essa década. O que funcionou no primeiro filme, a receita metalinguística da trama policial, é feito novamente.
E Williamson continua se desenferrujando ao criar novos personagens adolescentes e demonstrar que ainda consegue criar afiadíssimas conversas críveis áquele universo. Tendo bastante cautela antes de introduzir Sidney na trama, o escritor mostra que a cidade foi bem afetada pela série Stab de formas que não soam gratuitas. Os Ghostfaces nos postes e a Stab-a-thon são as melhores. Os já ambientados na série vão perceber que a construção de personagens pode até ter sido atualizada, mas não muda em nada. Hayden Panattiere substitui Rose McGowan, Emma Roberts substitui Neve Campbell e os cinéfilos do clube substituem Randy. Já os não-iniciados também vão reconhecer, já que Williamson volta a mastigar as referências. Quando Roberts está no quarto com seu namorado e a janela está aberta, Sidney fala que "você me lembra muito eu no passado". Desnecessário, ainda que uma divertida referência ao primeiro.
Continuando nesse campo, Williamson aposta pesado na nostalgia. A mira ruim de Ghostface, que tinha que acertar ou bem de perto ou errar acertando no ombro, não só é satirizada como vira detalhe crucial pra trama. Suas aparições continuam a ser divertidas, mas são sempre escancaradas. A aparição na Stab-a-thon, por exemplo, é bem tosca. E são esses pequenos elementos que constroem Ghostface como um dos Serial Killers mais legais do cinema, com o roteiro tornando-o não só vulnerável(o quanto que ele sempre apanha de Sidney é incrível) como engraçado por si só(tropeçar não é uma novidade pro vilão).
Se os primeiros filmes criticavam o esquema óbvio das mortes em slasher movies(numa época em que o gênero era popular), o novo Pânico critica as franquias que preferem mostrar vísceras que pregar sustos. Jogos Mortais 4 "não é assustador, é nojento", a franquia Premonição idem. Tudo isso dito pelo roteiro de Williamson enquanto os personagens usam constantemente seus celulares e IPhones pra mediar a tensão. Essa é a coisa mais inovadora no quarto filme, em termos narrativos. Se antes a presença de Ghostface demorava mais a se espalhar, aqui todos sabem de tudo na hora, com os eletrônicos sempre em mãos. O ápice dessa atualização é o que o maníaco faz pra mostrar seus assassinatos: câmeras, que levam direto pra internet. A atualização dos diálogos já era esperada, mas ao adotar elementos novos á estrutura antiga, Pânico 4 até soa inovador perto dos remakes da Platinum Dunes(Sexta-Feira 13, Hora do Pesadelo). Os personagens fanáticos por cinema determinam que os assassinatos são com "novas regras". Ainda que equivocado, afirmar isso acaba não sendo tão errado assim, ao vermos que o filme não acaba na festa e sim após ela. A indispensável reviravolta final, mania de tantos filmes atuais(não só de terror), aparece aqui também, o que prova novamente que Williamson e Craven não perderam a mão. Nem no terror, nem na sátira.
Enquanto Williamson cria passagens hilárias(a morte de um dos policiais é impagável) e estrutura seu filme de forma bem coesa, Wes Craven prova que conhece como ninguém a arte de assustar uma pessoa, ainda que não filme com o vigor do filme de 96. Em algumas cenas, é visível o que Craven "esqueceu" com o tempo. A insistência em dirigir as cenas de terror com a câmera parada, ainda que de forma velada, representa a atual falta de tato de Craven. A angústia causada pelo diretor ao seguir os personagens com uma câmera que entortava frequentemente, dava uma sensação de terror que nunca é igualada em Pânico 4. Claro que estamos falando de uma direção excelente que privilegia cada passagem pra criar um clima de suspense sem jogar na cara, mas comparada á direção de tirar o fôlego do Pânico 1, aqui Craven demonstra perder força. A fotografia de Peter Deming, que está na série desde o 2, é mais ensolarada que a sombria fotografia cinzenta do primeiro filme. O bom é que esse ensolarado se restringe as cenas de interação entre os adolescentes, o que não torna incômoda a mudança leve para uma palheta mais escura nas cenas noturnas de morte. Craven usa das sombras pra ocultar algumas coisas e ainda recria a excelente passagem do "namorado preso na cadeira" no meio da história, mas não usa mais a trilha de Marco Beltrami, meio apagado aqui, pra criar a tensão que esta causava no primeiro.
Terminando inferior ao primeiro apenas por diminuir consideravelmente o ritmo em seu segundo ato e por erros como o de revelar a motivação do assassino, Pânico 4 termina muito bem e coloca novamente a franquia nos eixos, pra que torçamos por uma continuação. Ainda que Emma Roberts definitivamente não saiba atuar fugindo de sua personagem padrão, o resultado envolvendo-a é legal e o clímax, muito parecido com o do primeiro, sai um pouco prejudicado apenas pela artificialidade da atuação da mesma. E explicando o que apontei anteriormente, mesmo que tenha dado razões para o assassino ser assim(o que, ironicamente, vai de encontro ao que foi dito no primeiro filme), o filme honra muito bem o legado de Ghostface. Um dos mais divertidos filmes de terror recentes.
O que Pânico 4 fez foi o que Sidney Prescott atribuiu, numa passagem que gera boas risadas, como primeira regra de um remake: "Don't fuck the original". Mais coerente, impossível.
**** 4 Estrelas
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Kaboom
Gregg Araki satiriza gêneros em afiada comédia.
Conhecido por seus filmes de temas fortes e exagerados, além de sempre haver um subtexto gay, Gregg Araki tem uma carreira diversificada, ainda que trabalhe sempre com os mesmos temas. Nos últimos 3 filmes, porém, Araki tem feito filmes ainda mais diferentes, como o bizarro Mistérios da Carne e a sua comédia de aluguel, Smiley Face. Mesmo que Mistérios contenha a temática gay presente, a produção se baseia muito mais na estranhíssima trama do protagonista vivido por Joseph Gordon-Levitt, com tons de ficção. E agora em Kaboom, Araki funde seus temas numa trama que tira sarro do sci-fi. Porém, muito mais que apenas uma sátira ao gênero, Kaboom ainda pega os temas recorrentes de seu criador e os usa pra desmantelar as bobas comédias besteirol adolescentes coming-of-age e os seriados de TV.
Desde a segunda cena, Araki já inicia sua inteligente sacada satírica. Usando uma fotografia excessivamente azul, o diretor já mostra o quarto com mobília precária, parecendo mesmo um OC, com uma direção de arte feita ás pressas. E a construção da trama se mescla com o tom irônico logo nessa cena, quando Smith deseja sexualmente seu colega de quarto. A narração em off de Smith é outra prova dessa mescla que Kaboom realiza com facilidade: serve tanto para apresentar melhor os pensamentos do personagem quanto para fazer escárnio das narrações que permeiam as séries. E a própria construção de personagens justifica essa visão sobre o filme, já que Araki descreve Smith como um homem popular, amálgama humano cercado de todos os diferentes tipos. Interessante notar a criatividade de Araki ao montar todos os personagens sendo distintos, ligados apenas pelo fator que é, no final das contas, o centro do filme: o sexo.
Sexo esse que é sempre contado de maneira preguiçosa na TV, que restringe as séries juvenis ao sexo debaixo do cobertor, cheio de máscaras. Nesse ponto, Kaboom se revela mais original que propriamente satírico, ao escancarar o sexo de maneira muito natural, sendo presente em 80% do filme. Araki sabe do caráter libertador de seu filme através das diversas relações sexuais e é excelente perceber que, além de filmar com uma crua elegância, o diretor encaixa as cenas de maneira brilhante á narrativa, soando orgânica como poucas. Smith, como a síntese de tudo a sua volta, não poderia não ser eclético também em sua opção sexual. Mesmo que não goste de rótulos, como ele mesmo(e todos em tela) diz(em), se relacionar tanto com mulheres tanto com homens é sinal disso. O ápice dessa definição é a cena em que o protagonista fala sobre o papel do cinema na sociedade. Ele o considera anacrônico, porque o cinema de hoje pode não ser o cinema de amanhã. Somando isso aos enquadramentos sempre frontais que Araki faz em Thomas Dekker, emulando um espelho, temos a constatação definitiva do ser transitório que Smith é.
Já na carpintaria narrativa, o sexo serve de caráter transformador e mediador. Sua melhor amiga Stella(Haley Bennett, espetacular) é lésbica e London, vivida esplendorosamente por Juno Temple, é promíscua em sua heterossexualidade. Não por acaso, Smith só volta a se sentir bem em sua condição sexual quando conhece London, a antítese de Stella. Essa é uma das grandes sacadas de originalidade em Kaboom. Araki usa a construção não só para nos tornar identificados com os personagens quanto para justificar elementos narrativos. Em sua cabeça, Smith só se sente completo com os dois lados de uma questão, o que só reforça o fato dele ser um amálgama.
A própria direção de Araki trabalha com essa mistura satírica/sexual. O sexo é, sim, fator principal da transição de cenas mas o humor, até aí é sentido: pra situar o espectador, Araki filma a fachada dos prédios nos quais a ação se passa, um vício recorrente das séries. Já os encontros, que acontecem a todo momento nas séries, sustentam a trama enquanto nada científico acontece. Tanto encontros heterossexuais, como as transas com London, quanto homossexuais, como a van na praia.
Até aí, Kaboom conseguiria se sustentar entre os aspectos cômicos e criativos. O porém da narrativa, e o que a torna tão estranha, é que Smith e seus amigos estão numa trama sci-fi envolvendo o fim do mundo, aspectos místicos, referências á Bíblia e as reviravoltas tão conhecidas desses filmes. E é nisso que o filme começa a tender mais ainda para a sátira. Aliás, o roteiro deixa de lado a originalidade e se concentra na oscilação entre o sarcasmo ao sci-fi e á TV. E nisso, Araki despiroca de vez. Trilha fajuta de perseguição ao fundo, seus personagens fogem, filmados com um filtro cretino de câmera, de homens mascarados de animais. Tudo registrado com uma direção propositalmente truncadíssima. A sacada de Araki é tornar isso algo vital á narrativa e dirigir os atores como se aquela situação fosse séria mesmo, potencializando a piada. Mesmo nas partes mais sérias da história, como a drogada ruiva no banheiro ou a primeira cena do filme, o tom é conduzido de forma leve. A estranheza de Smith ao ver aquelas pessoas no corredor da abertura tem uma trilha meio divina ao fundo, enquanto na cena do banheiro a trilha puxa pro lado do suspense, escrachando o clima.
O filme então vai se dividindo em 3 unidades narrativas. As ideias originais de Araki já estavam implantadas com o sexo e só voltariam na última cena. A sátira sci-fi acabará apenas quando o filme terminar de fato. Resta a Araki, então, antecipar o final de sua série psicodélica de TV. E após várias experiências meramente sexuais, que ironicamente vão de encontro ás lições de vida aprendidas nos Glee da vida, chega o clímax, o "season finale". Após ficar tão em dúvida sobre sua felicidade sexual, Smith termina ganhando de presente de aniversário um ménage-á-trois, com o amigo de Thor e com London. Então, quando o epílogo da sátira chega, não poderia ser de outra forma senão... um show de banda de rock-pop. Mais impecável, impossivel.
Temporada terminada, o sci-fi entra no jogo e toma a trama de assalto. E as reviravoltas que Araki orquestra são excelentes numa sátira por serem tão previsíveis quanto absurdas, por mais paradoxal que isso possa representar. A justificativa deriva da cena hilária que Thor, personagem de Chris Zylka, tenta uma auto-felação. Aquele é o gatilho para o que está por vir. Vendo essa cena, que apenas parece um elemento cômico, o espectador já fica pronto para a bizarrice de Kaboom, esperando até mesmo o inesperado. Os colegas que se revelam apenas fantoches, ser o filho escolhido, encontrar seitas fanáticas, instituições que tem como membros alguns ex-membros da seita principal e até mesmo poderes psíquicos. Tudo de estranho acontece com Smith. E isso tudo encaixado de forma neural e divertidíssima na história.
Kaboom então termina assim, harmonioso entre suas transições de gênero. Extremamente bem sucedido em sua tarefa, o filme não alcança uma cotação maior por não exigir nada além de descompromisso, terminando irretocável em suas modestas pretensões. Voltando ainda á originalidade no seu excelente final deus ex machina, Araki se consagra em sua tarefa e cria um pequeno grande filme.
Uma pequena pérola. E nada mais. Nada de rótulos mais elaborados. Rótulos são a antítese de Araki, Smith, London, Stella e, sobretudo, de Kaboom.
**** 4 Estrelas
Conhecido por seus filmes de temas fortes e exagerados, além de sempre haver um subtexto gay, Gregg Araki tem uma carreira diversificada, ainda que trabalhe sempre com os mesmos temas. Nos últimos 3 filmes, porém, Araki tem feito filmes ainda mais diferentes, como o bizarro Mistérios da Carne e a sua comédia de aluguel, Smiley Face. Mesmo que Mistérios contenha a temática gay presente, a produção se baseia muito mais na estranhíssima trama do protagonista vivido por Joseph Gordon-Levitt, com tons de ficção. E agora em Kaboom, Araki funde seus temas numa trama que tira sarro do sci-fi. Porém, muito mais que apenas uma sátira ao gênero, Kaboom ainda pega os temas recorrentes de seu criador e os usa pra desmantelar as bobas comédias besteirol adolescentes coming-of-age e os seriados de TV.
Desde a segunda cena, Araki já inicia sua inteligente sacada satírica. Usando uma fotografia excessivamente azul, o diretor já mostra o quarto com mobília precária, parecendo mesmo um OC, com uma direção de arte feita ás pressas. E a construção da trama se mescla com o tom irônico logo nessa cena, quando Smith deseja sexualmente seu colega de quarto. A narração em off de Smith é outra prova dessa mescla que Kaboom realiza com facilidade: serve tanto para apresentar melhor os pensamentos do personagem quanto para fazer escárnio das narrações que permeiam as séries. E a própria construção de personagens justifica essa visão sobre o filme, já que Araki descreve Smith como um homem popular, amálgama humano cercado de todos os diferentes tipos. Interessante notar a criatividade de Araki ao montar todos os personagens sendo distintos, ligados apenas pelo fator que é, no final das contas, o centro do filme: o sexo.
Sexo esse que é sempre contado de maneira preguiçosa na TV, que restringe as séries juvenis ao sexo debaixo do cobertor, cheio de máscaras. Nesse ponto, Kaboom se revela mais original que propriamente satírico, ao escancarar o sexo de maneira muito natural, sendo presente em 80% do filme. Araki sabe do caráter libertador de seu filme através das diversas relações sexuais e é excelente perceber que, além de filmar com uma crua elegância, o diretor encaixa as cenas de maneira brilhante á narrativa, soando orgânica como poucas. Smith, como a síntese de tudo a sua volta, não poderia não ser eclético também em sua opção sexual. Mesmo que não goste de rótulos, como ele mesmo(e todos em tela) diz(em), se relacionar tanto com mulheres tanto com homens é sinal disso. O ápice dessa definição é a cena em que o protagonista fala sobre o papel do cinema na sociedade. Ele o considera anacrônico, porque o cinema de hoje pode não ser o cinema de amanhã. Somando isso aos enquadramentos sempre frontais que Araki faz em Thomas Dekker, emulando um espelho, temos a constatação definitiva do ser transitório que Smith é.
Já na carpintaria narrativa, o sexo serve de caráter transformador e mediador. Sua melhor amiga Stella(Haley Bennett, espetacular) é lésbica e London, vivida esplendorosamente por Juno Temple, é promíscua em sua heterossexualidade. Não por acaso, Smith só volta a se sentir bem em sua condição sexual quando conhece London, a antítese de Stella. Essa é uma das grandes sacadas de originalidade em Kaboom. Araki usa a construção não só para nos tornar identificados com os personagens quanto para justificar elementos narrativos. Em sua cabeça, Smith só se sente completo com os dois lados de uma questão, o que só reforça o fato dele ser um amálgama.
A própria direção de Araki trabalha com essa mistura satírica/sexual. O sexo é, sim, fator principal da transição de cenas mas o humor, até aí é sentido: pra situar o espectador, Araki filma a fachada dos prédios nos quais a ação se passa, um vício recorrente das séries. Já os encontros, que acontecem a todo momento nas séries, sustentam a trama enquanto nada científico acontece. Tanto encontros heterossexuais, como as transas com London, quanto homossexuais, como a van na praia.
Até aí, Kaboom conseguiria se sustentar entre os aspectos cômicos e criativos. O porém da narrativa, e o que a torna tão estranha, é que Smith e seus amigos estão numa trama sci-fi envolvendo o fim do mundo, aspectos místicos, referências á Bíblia e as reviravoltas tão conhecidas desses filmes. E é nisso que o filme começa a tender mais ainda para a sátira. Aliás, o roteiro deixa de lado a originalidade e se concentra na oscilação entre o sarcasmo ao sci-fi e á TV. E nisso, Araki despiroca de vez. Trilha fajuta de perseguição ao fundo, seus personagens fogem, filmados com um filtro cretino de câmera, de homens mascarados de animais. Tudo registrado com uma direção propositalmente truncadíssima. A sacada de Araki é tornar isso algo vital á narrativa e dirigir os atores como se aquela situação fosse séria mesmo, potencializando a piada. Mesmo nas partes mais sérias da história, como a drogada ruiva no banheiro ou a primeira cena do filme, o tom é conduzido de forma leve. A estranheza de Smith ao ver aquelas pessoas no corredor da abertura tem uma trilha meio divina ao fundo, enquanto na cena do banheiro a trilha puxa pro lado do suspense, escrachando o clima.
O filme então vai se dividindo em 3 unidades narrativas. As ideias originais de Araki já estavam implantadas com o sexo e só voltariam na última cena. A sátira sci-fi acabará apenas quando o filme terminar de fato. Resta a Araki, então, antecipar o final de sua série psicodélica de TV. E após várias experiências meramente sexuais, que ironicamente vão de encontro ás lições de vida aprendidas nos Glee da vida, chega o clímax, o "season finale". Após ficar tão em dúvida sobre sua felicidade sexual, Smith termina ganhando de presente de aniversário um ménage-á-trois, com o amigo de Thor e com London. Então, quando o epílogo da sátira chega, não poderia ser de outra forma senão... um show de banda de rock-pop. Mais impecável, impossivel.
Temporada terminada, o sci-fi entra no jogo e toma a trama de assalto. E as reviravoltas que Araki orquestra são excelentes numa sátira por serem tão previsíveis quanto absurdas, por mais paradoxal que isso possa representar. A justificativa deriva da cena hilária que Thor, personagem de Chris Zylka, tenta uma auto-felação. Aquele é o gatilho para o que está por vir. Vendo essa cena, que apenas parece um elemento cômico, o espectador já fica pronto para a bizarrice de Kaboom, esperando até mesmo o inesperado. Os colegas que se revelam apenas fantoches, ser o filho escolhido, encontrar seitas fanáticas, instituições que tem como membros alguns ex-membros da seita principal e até mesmo poderes psíquicos. Tudo de estranho acontece com Smith. E isso tudo encaixado de forma neural e divertidíssima na história.
Kaboom então termina assim, harmonioso entre suas transições de gênero. Extremamente bem sucedido em sua tarefa, o filme não alcança uma cotação maior por não exigir nada além de descompromisso, terminando irretocável em suas modestas pretensões. Voltando ainda á originalidade no seu excelente final deus ex machina, Araki se consagra em sua tarefa e cria um pequeno grande filme.
Uma pequena pérola. E nada mais. Nada de rótulos mais elaborados. Rótulos são a antítese de Araki, Smith, London, Stella e, sobretudo, de Kaboom.
**** 4 Estrelas
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Old School Trailers
Se Beber Não Case 2
A comédia adulta hit de 2009 ganha uma sequência que, pra alívio dos fãs, traz todo o elenco de volta e ainda é dirigida novamente por Todd Phillips. O trailer é montado de maneira eficaz e cumpre o que o teaser anterior prometia. O problema mesmo parece ser o roteiro, que traz as situações do primeiro filme novamente, idênticas ou levemente modificadas(troque o tigre pelo macaco e tá tudo igual). Não sabemos se o sumiço do primo da noiva asiática de Stu vai ser excessivamente igual ao sumiço de Doug no primeiro, mas que o filme promete ser apenas um "mais do mesmo", isso sem dúvida. Contanto que seja bem executado, Se Beber não Case 2 será divertidíssimo.
**** 4 Estrelas
Warrior
O novo filme de Gavin O'Connor aposta nas situações consagradas dos filmes de boxe e encaixa o arco de superação na trama das lutas de artes mistas, o MMA. Assim como os exemplares do gênero, o filme aposta nas atuações. E o edificante trailer, que exalta bastante Nick Nolte e Tom Hardy, prova isso. Mas o problema do trailer é a falta de originalidade. Desde a montagem esquemática até Hardy correndo com seu capuz, Warrior bebe da mesma fonte de O Vencedor, o recente indicado ao Oscar. Até mesmo as letras que aparecem no trailer são idênticas ás usadas em Vencedor. Com grandes sucessos se concretizando, sempre há as cópias. E Warrior cheira, nada mais, que O Vencedor de laboratório.
** 2 Estrelas
Melancholia
O espetacular trailer do novo filme de Lars von Trier, o primeiro após a perturbação causada em Cannes por seu Anticristo, apresenta uma montagem eficaz, ainda que escancare o quanto o filme é europeu e sujo, sem o profissionalismo pontual dos americanizados. Apresentando diálogos tensos em dramaticidade, Melancholia é um filme catástrofe, como apontam as belas imagens em câmera super-lenta, mas se estrutura como um drama, que se inicia no casamento da personagem de Kirsten Dunst, que está transformada desde sua ascenção por Homem-Aranha. Extremamente bela, mas exótica pro papel, Dunst deve segurar o filme com folga, ainda mais tendo Charlotte Gainsbourg para dividir as cenas consigo. Lembrando o movimento Dogma 95 em seus temas e consolidando a estética esplêndida de Anticristo(repare os dedos se esfumaçando de Dunst), Melancholia se firma como um dos filmes mais interessantes a serem vistos esse ano.
***** 5 Estrelas
Anonymous
O suspense histórico de Rolland Emmerich é uma grande incógnita. O diretor conhecido por seus filmes-desastre migra pra um gênero complicado como o thriller/drama histórico. Porém, Emmerich não está envolvido no roteiro, que é escrito pelo bom John Orloff. Recriações históricas espetaculares e uma direção grandiosa(atente como o trailer se parece um épico em alguns momentos) e surpreendentemente impressionante tornam o filme um diferente exemplo no circuito. A desconfiança sempre se recai sobre Emmerich, mas será difícil errar com um roteiro alheio e com um elenco que tem Rhys Ifans e Vanessa Redgrave. Desde que honre Shakespeare, mesmo apresentando uma teoria um tanto inusitada, já está ótimo.
*** 3 Estrelas
O Palhaço
O segundo filme do talentosíssimo Selton Mello, segue a linha melancólica de seu debut, o pesado Feliz Natal, mas com um tom mais cômico. A fotografia excelente, com tons amarelados com granulação, ajuda a sustentar a trama dramática, do palhaço que "perdeu a graça", vivido pelo próprio Selton. O teor da narrativa e os enquadramentos inspirados de Mello remetem aos filmes sensoriais americanos e aos dramas argentinos, inspiração explícita do diretor. Não só divertida e tecnicamente irretocável, a comédia aposta nas atuações de Paulo José e Mello, se consolidando como uma grande promessa pra esse ano. Um desafio para o diretor, que pela primeira vez vai se dirigir, parecido com o que aconteceu recentemente com Ben Affleck, em Atração Perigosa. Recomendadíssimo.
***** 5 Estrelas
A comédia adulta hit de 2009 ganha uma sequência que, pra alívio dos fãs, traz todo o elenco de volta e ainda é dirigida novamente por Todd Phillips. O trailer é montado de maneira eficaz e cumpre o que o teaser anterior prometia. O problema mesmo parece ser o roteiro, que traz as situações do primeiro filme novamente, idênticas ou levemente modificadas(troque o tigre pelo macaco e tá tudo igual). Não sabemos se o sumiço do primo da noiva asiática de Stu vai ser excessivamente igual ao sumiço de Doug no primeiro, mas que o filme promete ser apenas um "mais do mesmo", isso sem dúvida. Contanto que seja bem executado, Se Beber não Case 2 será divertidíssimo.
**** 4 Estrelas
Warrior
O novo filme de Gavin O'Connor aposta nas situações consagradas dos filmes de boxe e encaixa o arco de superação na trama das lutas de artes mistas, o MMA. Assim como os exemplares do gênero, o filme aposta nas atuações. E o edificante trailer, que exalta bastante Nick Nolte e Tom Hardy, prova isso. Mas o problema do trailer é a falta de originalidade. Desde a montagem esquemática até Hardy correndo com seu capuz, Warrior bebe da mesma fonte de O Vencedor, o recente indicado ao Oscar. Até mesmo as letras que aparecem no trailer são idênticas ás usadas em Vencedor. Com grandes sucessos se concretizando, sempre há as cópias. E Warrior cheira, nada mais, que O Vencedor de laboratório.
** 2 Estrelas
Melancholia
O espetacular trailer do novo filme de Lars von Trier, o primeiro após a perturbação causada em Cannes por seu Anticristo, apresenta uma montagem eficaz, ainda que escancare o quanto o filme é europeu e sujo, sem o profissionalismo pontual dos americanizados. Apresentando diálogos tensos em dramaticidade, Melancholia é um filme catástrofe, como apontam as belas imagens em câmera super-lenta, mas se estrutura como um drama, que se inicia no casamento da personagem de Kirsten Dunst, que está transformada desde sua ascenção por Homem-Aranha. Extremamente bela, mas exótica pro papel, Dunst deve segurar o filme com folga, ainda mais tendo Charlotte Gainsbourg para dividir as cenas consigo. Lembrando o movimento Dogma 95 em seus temas e consolidando a estética esplêndida de Anticristo(repare os dedos se esfumaçando de Dunst), Melancholia se firma como um dos filmes mais interessantes a serem vistos esse ano.
***** 5 Estrelas
Anonymous
O suspense histórico de Rolland Emmerich é uma grande incógnita. O diretor conhecido por seus filmes-desastre migra pra um gênero complicado como o thriller/drama histórico. Porém, Emmerich não está envolvido no roteiro, que é escrito pelo bom John Orloff. Recriações históricas espetaculares e uma direção grandiosa(atente como o trailer se parece um épico em alguns momentos) e surpreendentemente impressionante tornam o filme um diferente exemplo no circuito. A desconfiança sempre se recai sobre Emmerich, mas será difícil errar com um roteiro alheio e com um elenco que tem Rhys Ifans e Vanessa Redgrave. Desde que honre Shakespeare, mesmo apresentando uma teoria um tanto inusitada, já está ótimo.
*** 3 Estrelas
O Palhaço
O segundo filme do talentosíssimo Selton Mello, segue a linha melancólica de seu debut, o pesado Feliz Natal, mas com um tom mais cômico. A fotografia excelente, com tons amarelados com granulação, ajuda a sustentar a trama dramática, do palhaço que "perdeu a graça", vivido pelo próprio Selton. O teor da narrativa e os enquadramentos inspirados de Mello remetem aos filmes sensoriais americanos e aos dramas argentinos, inspiração explícita do diretor. Não só divertida e tecnicamente irretocável, a comédia aposta nas atuações de Paulo José e Mello, se consolidando como uma grande promessa pra esse ano. Um desafio para o diretor, que pela primeira vez vai se dirigir, parecido com o que aconteceu recentemente com Ben Affleck, em Atração Perigosa. Recomendadíssimo.
***** 5 Estrelas
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