Wolverine e a escorregada dos produtores.
O filme que mostraria a origem do carcaju dos qudrinhos gerou muita e expectativa. Os fãs estavam enlouquecidos, esperando um filme de ação cheio de frases de efeito. Os nerds velha guarda, se preocupavam com uma coisa que rotineiramente assusta quem pensa em adaptação de quadrinhos: Twentieth Century Fox. O resultado? Os fãs que queriam ação sairam satisfeitos, mas o roteiro ficou mesmo na sala de cortes, e a qualidade ficou muito razoável. O que qualquer um teria certeza pelo o que a Fox já fez com Demolidor por exemplo.
O filme começa muito bem, devo admitir. Ali, o Diretor tinha o filme em mãos e carregava ele muito bem. Os créditos iniciais são instigantes, bem feitos e muito originais. A partir dali, o filme dá uma caída e depois só dá produtor. Só há ação e peca no roteiro. Pelos rumores de que o diretor Gavin Hood teve que refazer algumas cenas, você consegue ver claramente quais são elas.
A história é sobre a origem um tanto conturbada de Wolverine: o moleque adoentado, que passa por várias guerras e depois entra pra equipe de Stryker junto com seu irmão Victor Creed, o lendário inimigo Dentes-de-Sabre(o ótimo Liev Schreiber). Mostra então a origem dele com suas garras, sua revolta, e no meio disso tudo, vários heróis da Marvel como Deadpool, que é muito bem feito por Ryan Reynolds, mas que tem um final idiota. Idiota mesmo. Entre outros Heróis, existe o Gambit, o Ciclope, Emma Frost, entre outros. Um tanto forçado a entrada deles na trama mas...
Os efeitos, você deve estar pensando, salvam o filme. Errado. Os efeitos são ruins, mal colados, artificiais e estranhos. A fotografia é ruim, dá um tom confuso, um vermelho-escuro que naquele filme entrou de forma errônea. Ela só é boa em alguns instantes como as cenas internas, em sua maioria. A trilha sonora é boa, mas isso é comum em filmes de super-herói.
Devo admitir também, é claro, que não saí insatisfeito do cinema. Só um pouquinho. A ação é desenfreada e pelo menos, o roteiro é fiél a origem do herói do título. Do herói do título. Tem um mercenário de roupa vermelha sendo mal colocado em cena.
Por fim, as cenas depois dos créditos. Tem um monte. Tem tantas que virou sorteio a cena q ia entrar em cada filme. É isso aí, cenas pós-créditos sortidas... Qual você pegou? A minha foi do Hugh Jackman no Japão. Ouvi falar que tem uma do Deadpool... Nossa...
Emfim, peculiaridades á parte, é um filme bom pra quem gosta do personagem e pra quem quer se divertir. Esperemos uma qualidade superior em X-Men Origens - Woverine 2 , que parece que vai ser baseada na ótima série de histórias de Wolverine no Japão. Nesse eu coloco fé. Ou melhor, coloco certa fé, por que se tratando da Fox, devemos sempre manter nosso pé de nerd atrás.
*** 3 Estrelas
Fornecendo críticas há 2 anos, o OSN é uma colaboração de Gabriel Papaléo e Joaquim Pedro, onde o Cinema é o assunto principal a ser analisado, debatido e admirado.
Old School Nerds
sábado, 29 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Sexta-Feira 13
Jason está de volta! E ele ainda é o cara...?
Jason Vorhees é um ícone. Isso é indiscutível. Mas ele só é ícone entre os slasher-movies. Explico. Nunca se deve esperar nada, eu disse NADA de um filme de maníaco. Pra uma diversão, com seus amigos, é um prato cheio. Mas pra um cinéfilo... Chega a incomodar a quantidade de erros de um filme desses.
Um grupo de jovens vai para um tal Crystal Lake para tentar achar uma plantação lendária de Maconha e também pra acampar. Como todo filme de terror, no meio do sexo e palavrões soltados pelos recém-adultos, algo acontece no meio da calada da noite. Armadilhas começam a ser plantadas e o destino deles qualquer cidadão sabe. O legal mesmo é ver o jeito com que o destino deles é traçado. De repente, com quase todo mundo sumido, surge Jason, imponente e estiloso como nunca, empunhando seu machete e arrebentando mais um corpo. Surge o título. Sexta-Feira 13 começa com uma seqüência inicial muito estilosa.
Estilo. Isso é o que o diretor Marcus Nispel tem de sobra. O cara é um puta diretor. Na seqüência inicial, em preto e branco, ele demonstra muito estilo. Mas é na cena pré-título que Nispel mostra ao que veio. Muito bom diretor de ação, espero ver outros trabalhos dele. O Massacre da Serra Elétrica e Desbravadores, seus primeiros trabalhos, não o destacam tanto quanto aqui.
A trama do filme se desenrola a partir dessa matança pré-título. Um grupo de amigos mauricinhos vai pro tal Crystal Lake, lugar onde o pai de um dos amigos tem casa. Desconte o fato que justo agora Jason vai atacá-los depois de anos em que a casa tá ali e veja o desenrolar da trama. Entre os amigos, os estereótipos exageram. Tem a dupla engraçadinha e abusada(um negro e um asiático), tem a gostosa safada, tem a gostosa comportada, tem o mauricinho e tem o mauricinho interesseiro. E o roteiro só piora quando infames comentários relacionados a racismo e sexualidade são disparados.
Para ligar os adolescentes a trama pré-título, surge o personagem Clay(Jared Padalecki) que está á procura de sua irmã desaparecida depois de acampar com os amigos. Clay encontra o grupo num posto e aí todos se juntam.
Em termos técnicos, o filme é bem interessante por seus extremos. A fotografia, de Daniel Pearl(do péssimo Alien vs Predador 2), é muito legal. Meio saturada, escura na medida certa, bem maneira. Já a trilha sonora de Steve Jablonsky, irrita. Na boa, irrita de verdade. Tem até uns arranjos bem colocados, que mantém a tensão do filme. Mas falta algo. A trilha se repete constantemente e isso faz com que o antes cool vire ponto negativo. As atuações são todas muito limitadas. Ninguém tá ali pra ganhar o Oscar, só tão pra aparecer como corpos bonitos vítimas do maníaco.
O roteiro de Damien Shannon e Mark Swift também trabalha com esse extremo. É um ótimo roteiro de slasher, mas um péssimo roteiro de filme mesmo, no sentido da Sétima Arte. Sei muito bem que filmes como esse não devem ser levados á sério e não deve haver uma análise profunda sobre, mas precisava colocar frases como "por quê você pede pro único negro aqui pegar a gasolina"? Uma coisa é fazer um roteiro que se baseia no escracho e na caricatura, outra é fazer algo sem qualidade. E não há um pingo de qualidade nos diálogos de Sexta-Feira 13. Os melhores momentos são mesmo quando Jason aparece e mata. E é exatamente por isso que o filme funciona. Dando os holofotes pra Jason, o filme engrena e vira um espetáculo a parte.
Em questões gerais, a Platinum Dunes, produtora de Michael Bay especializada em filmes de terror de baixo orçamento, merece aplausos. Ótima maneira de reacender o ícone que Jason Vorhees é. Ele é definitivamente a estrela do filme e, devido á boa bilheteria mundial, haverá seqüências. Um grande parabéns pra essa iniciativa de ressurgir com grandes ícones do terror.
Uma curiosidade: o nome do mauricinho dono da casa é Trent, personagem do ator Travis Van Winkle. Coincidência ou não, Travis fez um personagem riquinho chamado Trent em Transformers, do mesmo Michael Bay. Seria o mesmo cara???
Com tudo isso, Sexta-feira 13 é digno de se ver com os amigos, pra se divertir. Se você aprecia a Nona Arte, sai correndo. Reconheçamos, portanto, um perfeito Slasher Movie. Que venha Freddy Krueger!
*** 3 Estrelas
Foi Apenas Um Sonho
Sam Mendes continua o mesmo. Ponto Final.
Cineasta egresso do teatro, Sam Mendes começou no cinema filmando o que ele sabia: diálogos. E só isso. Sua estréia em Beleza Americana é tão elogiada justamente pelo roteiro de Alan Ball(criador de True Blood). E, depois de provar que tinha um potencial enorme, Mendes nos entrega duas obras baseadas em dramas, mas com suas fortes doses de suspense: Estrada para Perdição e Soldado Anônimo. Nesses dois filmes, ele continua filmando drama como ninguém, mas prova que pode ir além disso, MUITO além disso.
Em Foi Apenas um Sonho, Mendes volta as suas origens teatrais. Filmado quase inteiramente em ambientes fechados, o filme conta a história de Frank Wheeler (Leonardo DiCaprio, com sua competência habitual) e sua mulher April (Kate Winslet, sua atuação merece um parágrafo aqui) que começam a ver que sua vida perdeu o sentido. Ele trabalha em um lugar que não o agrada e ela vive para os filhos e para o lar. Seus sonhos de viajarem o mundo acabaram. Tudo acabou, os filhos chegaram. Quando April começa a achar saídas pra reacender seus sonhos, ela planeja junto com Frank seus novos empregos em uma futura viagem pra Paris. E aí os problemas começam.
Em Foi Apenas um Sonho, Mendes volta as suas origens teatrais. Filmado quase inteiramente em ambientes fechados, o filme conta a história de Frank Wheeler (Leonardo DiCaprio, com sua competência habitual) e sua mulher April (Kate Winslet, sua atuação merece um parágrafo aqui) que começam a ver que sua vida perdeu o sentido. Ele trabalha em um lugar que não o agrada e ela vive para os filhos e para o lar. Seus sonhos de viajarem o mundo acabaram. Tudo acabou, os filhos chegaram. Quando April começa a achar saídas pra reacender seus sonhos, ela planeja junto com Frank seus novos empregos em uma futura viagem pra Paris. E aí os problemas começam.
A direção de Mendes é segura, como sempre. Ele é O diretor exclusivamente de drama atualmente. Mas não só de atuações e direção Foi Apenas um Sonho sobrevive. A fotografia de aura branca, como um sonho(excelente essa sacada), é simplesmente perfeita. Roger Deakins continua o mesmo fotógrafo competente. A trilha de Thomas Newman, freqüente colaborador de Mendes, é triste, calma e se encaixa como uma luva no filme. Mas um destaque indiscutível do filme é o roteiro de Justin Haythe. É fiel ao livro de Richard Yates e o melhor: é pesado. Uma enxurrada de diálogos pesados e ácidos, que todo casal tem em seu cotidiano. Sujo, extremo. Os diálogos de Haythe potencializam a tensão da situação da família Wheeler.
Na trama, em sua agradável relação com os vizinhos, April começa a desabar. Ela não quer aquilo, ela está reprimida. E é com essa relação que o personagem esquizofrênico de Michael Shannon chega. Seu personagem diz o que pensa, é corajoso como poucos, desafia os conceitos da família e dos bons costumes e mexe com os nervos das pessoas da Revolutionary Road. Maravilhoso, ele mereceu sua indicação ao Oscar.
Indicação ao Oscar. Ta aí uma coisa que Kate Winslet não recebeu por Foi Apenas um Sonho. A coisa mais injusta do ano, junto com a não-indicação de The Dark Knight. Kate Winslet consegue expressar os sentimentos de uma mulher desesperada por algo novo, sem querer um cotidiano, sem querer cair na vida inútil de muita gente. Ela dá a entender que April é um ser vazio, pesada, cheio de culpa, ávido por um sonho. Kate faz sua melhor atuação até aqui. Perfeita.
Há uma ressalva ao título em português, que quebra totalmente o clima do filme. Por quê não Apenas um Sonho?! Vai entender esse tradutores... Quem ver o filme vai entender o por quê da minha revolta.
Acredito que Foi Apenas um Sonho é um dos melhores filmes de 2008 e é uma recomendação máxima. Procure nas locadoras, vale a pena. E, se você gostou de Requiem para um Sonho, vai adorar esse filme. É tenso e pesado. Resumo: É Sam Mendes.
***** 5 Estrelas
sábado, 15 de agosto de 2009
Laranja Mecânica
Stanley Kubrick em uma de suas maiores obras.
Sem dúvida nenhuma ''Laranja Mecânica'', de 1971, dirigido por Stanley Kubrick é um dos maiores clássicos da 7ª arte. Na época, Kubrick, vindo de um filme genial e ousado, ''2001: Uma Odisséia no Espaço'' decidiu fazer três anos depois mais um filme ousado. E bota ousado nisso. ''Laranja Mecânica'' é doentio, psicodélico e fora do normal pros filmes da época. Mostra a didática real de como os adolescentes são e depois faz uma crítica até ao governo que estão, por muitas vezes, envolvidos - direta ou indiretamente - com os jovens.
A trama se baseia em um futuro próximo, nada utópico, onde a falta de regras e anarquia reinam. Ela mostra a saga de Alex Delarge, um jovem cruel, problemático e violento, e seu caminho até a vida de um cidadão decente(não se preocupem isso não é spoiler). Essa amostra de como os adolescentes se comportam é fantástica e ás vezes fico enbasbacado como Stanley Kubrick pôde ser tão genial! No filme, Alex é um jovem rico, desrespeitoso, que enrola os pais sempre que pode. É exatamente o que acontece hoje em dia com os adolescentes. Tome como exemplo os pitboys. É exatamente igual! O que me espanta é Kubrick ter vislumbrado algo que permaneceria acontecendo por trinta anos depois. E o melhor: na trama, Alex toma uma posição até então de vilão mas, ao longo de que os acontecimentos correm, você passa a ficar com seu lado emocional a favor e passa a defender Alex. Essa é a profundidade de Laranja Mecânica. Outro ponto importante na trama é o posicionamento do governo, que no caso pode ser trasmitido para os dias de hoje com a mídia. O governo, perverso como nenhum outro, não se preocupa com a integridade mental dos adolescentes. Os usam como moeda de troca, como uma máquina, algo sem vida. E o pior é que os jovens estão tão alienados buscando divertimento e seus objetivos fúteis que não percebem as cordas que manipulam as marionetes de seus corpos. Como pode Kubick ter visto isso? É exatamente como ocorre hoje!
Tecnicamente, o filme é espetacular. A fotografia é genial e inovadora. Colorida e chamativa quando estamos no mundo adolescente, branca e sem vida quando estamos fora de lá. A direção de Kubrick é um caso a parte como sempre. Calma e corajosa, Kubrick tem sua marca registrada que é muito gostosa de se ver. A trilha sonora é muito, mas muito boa. As músicas de Ludwig Van Beethoven se encaixam muito bem e formam algo superior a qualquer trilha montada. Entretanto, a trilha montada para este filme, a música inicial me refiro, é sem discussões uma das melhores do filme. É sombria e sonora ao mesmo tempo.
O roteiro de cinema também foi feito com muita cautela e deu a dose certa de credibilidade. Nada de avanços tecnológicos absurdamente grandes ou carros voadores. Como no mundo real, mudança na moda e nos valores. Ótimo! O roteiro também nos põe na visão do adolescente, ao ponto em que se você não pensar e não se mantiver atento a tudo o que ocorre a volta, pode sair achando que não há nada demais no filme.
Enfim, é um filme polêmico, adulto e tem motivos para ser censura 18 anos no Brasil e NC-17 nos EUA. O filme é violento, com cenas de estupro e de sexo quase explícito. Entretanto, se você não vir esse filme, pode se considerar um incompleto cinéfilo.
***** 5 Estrelas
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Heróis
Paul McGuigan e David Bourla criam um atraente universo.
Heróis é, sem dúvida, uma surpresa pra mim. Começou muito bem, colocando todos os elementos da trama de forma ágil, com elementos muito atraentes, como variação mutante. Essa variação é a forma de especificar as várias formas de mutante que existem nesse mundo. Existem os pushers, os movers, os watchers e por aí vai. Cada um dos poderes é explicado na trama nos créditos iniciais, a partir de jornais, informações eletrônicas e etc. Uma maneira bem ágil e despretenciosa de fazer o espectador entrar na essência do filme.
Na trama, Nick(Chris Evans) é um mover que recebe a visita de Cassie(a ótima Dakota Fanning) em Hong Kong, onde ele vive escondido. Cassie pede a ajuda de Nick para encontrar Kira(Camilla Belle), uma poderosa pusher que pode solucionar os problemas de todos. Djimon Hounson faz o agente que está no encalço do trio.
Devido a seu baixo custo(38 milhões de dólares), Heróis soluciona grandes problemas com criatividade. Pra poder criar poderes difíceis, como os dos movers, McGuigan coloca cabos pra segurar objetos, jogos de luz para simular os poderes, efeitos mínimos para simbolizar os pushers(os mais poderosos) e por aí Heróis fica grande. Filmando a partir de um roteiro minimamente depurado, McGuigan faz Heróis se basear em algo que um Blockbuster não conseguiria: IDÉIAS.
Mas suas idéias também não valorizam quem merece. O poder mais legal e interessante, o do personagem de Cliff Curtis, tem um bom papel pra trama, mas é pouco explorado.
Numa direção segura, McGuigan conta com um bom time de profissionais. A trilha sonora de Neil Davidge é segura, a edição de Nicolas Trembasiewicz dá o tom que a ação nas ruas necessita e, o fator mais marcante do filme, sem dúvida, é a fotografia. Peter Sova faz com que o clima de Hong Kong seja um fator presente na tela. Meio suja, colorida e bastante viva, a fotografia marca.
O Elenco de Heróis é formado por um bom time de jovens talentos. Como protagonista, Chris Evans segura bem o personagem e atua no seu padrão "Tocha Humana". Camilla Belle também é muito segura e atua super bem. Djimon Hounson também segue seu padrão. Mas, Dakota Fanning extrapola. Excelente atriz, ela xinga, grita, corre, atua bem quando lhe cabe um drama, pega em armas, ameaça e ainda agüenta tudo, mesmo tendo 13 anos na trama. O destaque entre os atores, sem dúvida.
Pela criatividade, suas idéias sem fim e por suas inspirações, Heróis é um filme a ser visto, mesmo que contenha erros técnicos e de trama. Pode ter buracos no roteiro, coisas bem absurdas, mas pelo menos se baseia em roteiro, coisa que Hollywood tem que aprender.
**** 4 Estrelas
G.I Joe - A Origem de Cobra
Stephen Sommers dá aula de como ser... normal.
Stephen Sommers sempre foi um cineasta mediano. Mediano, pra não dizer ruim. Explico. Ele recomeçou em 1999 a franquia A Múmia, para a Universal. Dois anos e milhões de dólares arrecadados depois, Sommers nos entrega O Retorno da Múmia. Os dois filmes são 3 estrelas, mas meros itens despensáveis em quesito cinéfilo. Em 2004, famoso e requisitado, Sommers entrega Van Helsing, com Hugh Jackman. Nunca vi o filme, mas diante de tantas críticas ruins, não custa dizer que deve ser inferior á A Múmia.
Sem credibilidade na Universal, Sommers foi para a Paramount e recebeu a árdua tarefa de levar os G.I Joe para o cinema. Lançados aqui no Brasil como Comandos em Ação, os bonecos são famosos no mundo inteiro e são responsáveis pela popularização dos bonecos nos anos 70 e 80.
Sommers recebeu o generoso orçamento de 175 Milhões e conseguiu filmar em um ótimo tempo, com uma equipe capacitada.
E, gostando ou não dele, eu creio que Sommers conseguiu o famoso feijão-com-arroz. Com um blockbuster que se apoia em efeitos para viver e tem um roteiro maluco ao extremo, ele alcança o que todos esperavam nesse ano: O filme-pipoca definitivo.
Entre o decepcionante Wolverine, o péssimo Transformers 2 e o prólogo-filme Harry Potter, G.I Joe se torna grande.
Na trama, uma equipe especial composta por Hawk(Dennis Quaid), Snake Eyes(Ray Park), Scarlett(a lindíssima Rachel Nichols), Ripcord(Marlon Wayans) e Duke(Channing Tatum), os GI Joes, tem que impedir a Organização Cobra de destruir o mundo como o conhecemos.
Tecnicamente, G.I Joe é bem normal. Com uma direção equilibrada de Sommers e uma trilha eletrônica competente de Alan Silvestri, o filme flui naturalmente. As atuações são todas normais, sem comprometer. O único destaque é Sienna Miller. Até em filme de ação ela atua bem(na medida em que a ação permite, claro). Como Baronesa, espero que ela fique mais famosa pra demonstrar seu talento em outros projetos. Mas, há uma ressalva: o roteiro. É um dos piores do ano, sem dúvida. Tem até uma trama amarrada(e completamente fora da realidade), mas nos diálogos o filme emperra. Típica coisa de Blockbuster explicar as cenas. Exemplo: Um jato atira nos Joes e um deles tem que gritar: ELE ESTÁ ATIRANDO NA GENTE!!!! Putz, jura? Kubrick e Haneke enfartariam nessas cenas. Mas, como o filme é sobre bonecos, tá mais que ótimo o roteiro ser pelo menos aceitável. Claro que era de se esperar algo mais divertido e inteligente, como Transformers. Mas não houve e deu até pra aceitar.
Os efeitos especiais, em excesso no filme, são muito bons, mas nada realista como em Homem de Ferro. Com uma trama que se apoia neles pra sobreviver, acredito que eles ajudaram muito. Um exemplo de ótimos efeitos: A cena em Paris. Lindíssima, emocionante, deslumbrante e completamente irreal. A melhor do filme, sem dúvida.
Num ano sem bons Blockbusters genuínos(o único que é realmente um ótimo filme é o Terminator 4), G.I Joe se fortalece muito apenas sendo normal, um filme completamente sem ambições, que te surpreende. Desde os primeiros trailers, a desconfiança pairava sobre a produção. E tinha fundamento, tudo era um clímax sem sentido. E isso ajudou o filme a se tornar o que ele é: uma grande surpresa.
Pelo seu divertimento extremo e pela sua identidade de filme-pipoca, G.I Joe é um bom filme pra ver com os amigos, pra se divertir. Só não vá vê-lo esperando um Batman. Seria covardia.
**** 4 ESTRELAS
sábado, 8 de agosto de 2009
Violência Gratuita
Michael Haneke é doente ou genial?
Violência Gratuita é diferenciado. Nenhum diretor foi maluco a ponto de mostrar uma história dessas. Criativo, tenso, maluco de dar dó, brutal e, por vezes, divertido. Cinéfilos e ruins da cabeça irão adorar esse filme.
O elenco de Violência Gratuita atua muito bem. Tim Roth está soberbo, Devon Gearhart atua bem, Naomi Watts é fantástica e uma das melhores atrizes do momento e Brady Corbet assusta como um dos irmãos sádicos. Mas o cara(e quando digo o cara, é porquê ele é muito cool) é Michael Pitt. Ele faz um dos melhores psicopatas da história do cinema. Ele é a síntexe do vilão cool. Desequilibrado, enlouquecedor, medonho, sádico e engraçado, Michael Pitt é o melhor ator do filme.
A história da trama também é diferenciada: Ann(Naomi Watts) é uma mãe dedicada que vai pra casa de campo com seu filho Georgie(Devon) e seu marido George(Tim Roth). Lá, eles encontram Paul(Pitt) e Peter(Brady), dois irmãos que vão lá pra pedir ovos. Ao longo do tempo, eles fazem a família de refém para seus jogos sádicos.
A melhor qualidade de Violência Gratuita é, sem dúvida, a calma. A calma na direção de Haneke é excessiva e é até perturbadora em alguns pontos. Por exemplo, em uma cena, ele exagera tanto da calma que algo importante acontece na sala. Enquanto o público se descabela pra ver o que ocorreu, ele filma com toda a calma do mundo Paul, que está na cozinha! Haneke trabalha o tempo todo com esse fogo do público, ávido pelo cinema violento de ação, que não tem paciência em saber o que houve e nem de entender o que houve. Segundo a crítica de Haneke nesse filme, o público gosta de tudo mastigado. E não deixa de ser um pouco de verdade, já que esse filme é apenas pros cinéfilos. Não é á toa que não pagou nem seu baixíssimo orçamento de 15 milhões. Não é um filme pras massas.
Tecnicamente, o filme é insano, diferente de tudo já feito. Roteiro ácido, direção calma, enredo tenso e sem censura, ambiente claustrofóbico, fotografia despercebida e o mais insano: trilha sonora NULA. Sim, não tem música. Você tem que ver o filme só se concentrando nas ações dos protagonistas. Outro vício do cinema de ação que Haneke inibe. Por acaso você não se embala pela trilha sonora, com Tom Cruise ou qualquer outro action hero atirando com duas pistolas???
Filme tenso, recomendado apenas para adultos. Sem querer ofender, mas um menor que não seja cinéfilo(sou menor, mas sou cinéfilo :D) fundirá o cérebro vendo esse filme. É pesado demais e algo que o cara tem que ver sozinho. Não rola se for com a família.
Um filme pra se ver e rever e umas das maiores surpresas da 7ª arte, criando um novo cult do século 21.
***** 5 ESTRELAS
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