Uma homenagem a infância.
Desde sempre, a palavra animação era quase sinônimo de Disney . Os clássicos como Branca de Neve, A Bela Adormecida e tantos outros que foram lançados nas décadas de 30 e 40 marcaram todo o mundo de uma forma arrebatadora. Os personagens Disney são pate da Hitória da humanidade. Ao menos se igualar ao sucesso da Disney seria já bastante. Mas , décadas a frente, essa história iria mudar . Estava para surgir a Pixar, um estúdio de animação que elevaria o sentido de ''obra de arte''. Tudo começou em 1979 , e a Pixar nada mais era do que uma pequena divisão da área de computação gráfica da grande ILM .
Conforme a tecnologia ia sendo trabalhada ná década de 80, a proximidade de se criar filmes ia ficando maior . Em 1986, a então recente nomeada Pixar lançou um curta de pouco mais de 2 minutos sobre um pai e filho lamparinas . Luxo Jr. era o nome do agradável e criativo curta que daria o primeiro movimento a engrenagem criativa de um dos maiores estúdios atuais . Não havia tema mais apropriado para o prólogo de uma história brilhante.
Então, depois de mais 9 anos de trabalho para aperfeiçoar técnicas,em 1995, um dos maiores filmes de todos os tempos era lançado : Toy Story , o primeiro longa metragem da Pixar. Um filme curto, de 81 minutos, que conquistaria uma geração inteira de fãs, tanto de jovenzinhos quanto dos mais velhos, por seu apelo saudosista as crianças e seu drama bem empregado nos momentos certos. Aí é que ainda mora o diferencial arrebatador da Pixar até hoje : Seu drama colocado de maneira certa, sem soar piegas e sem ser pessimista, ideal para as crianças . Tais feitos são reparados até hoje nas obras mais recentes do estúdio, como o contemplativo Wall-e e o incrivelmente adulto Up . Porém, mesmo com essas obras geniais mais atuais, acredito que nenhuma conseguiu atingir o potencial máximo de Toy Story. O paradoxo em forma de homenagem criado no filme é mais que genial, obra-prima. Ao mesmo tempo que dialoga com as crianças, trata de tramas emocionais adultas, tudo isso ambientado num mundo de brinquedos infantis .
Mas Toy Story não foi reconhecido logo de cara por sua narrativa cativante . A primeira vista, o motivo que fez com que Toy Story despontasse antes mesmo de completar uma semana nos cinemas foi seu visual. Até ali, tudo que havia sido feito em animação era o que chamamos de 2D. Animações feitas em desenhos, sem maiores detalhes , basicamente tendo como produto final o que saísse da ponta do lápis . A Pixar veio trazer como revolução a técnica do visual das animações . As animações agora fariam as personagens terem detalhes muito mais aprofundados de luz, sombra , profundidade e expressões faciais . Mas falar que a revolução vinda com Toy Story era apenas visual, seria deveras incorreto. O modo clássico de se contar histórias foi alterado, o modo como os clímaxes ocorriam foi alterado, a tridimensionalidade das personalidades das personagens foi alterada . Uma revolução geral nas animações, que dariam frutos futuros. Afinal, a profundidade de Toy Story é tão gigantesca que é muito plausível compará-lo com filmes de pessoas de verdade. E não é surpresa reparar que a densidade dramática do filme de Jonh Lasseter é muito maior do que longas com pessoas reias .Até mesmo a técnica do diretor é mais inspirada do que de muitos outros renomados.
A história, como a maioria deve saber , é muito simples, mas não simplória . Ora, o filme é curto, contem uma soberba introdução e mais três atos diminutos se comparados a outras películas. Corte umas cenas e encurte outras, daria até um curta-metragem . Toy Story não merece aplausos por ser uma animação com história complexa . Merece aplausos por sua fabulosa composição e desenvolvimento de personagens. A história de Woody (Voz original de Tom Hanks), o brinquedo preferido de Andy, começa com uma brincadeira boba, e depois naquele universo de brinquedos se desenrola toda uma sociedade. É interessantíssimo ver todos os bonecos organizando uma verdadeira operação de guerra para descobrir quais os novos presentes , se serão tocados ou não. Emoções de abandono, tristesa e amizade elevando ao expoente máximo, encaixado com maestria num filme infantil . A descoberta de Buzz (Voz original de Tim Allen ) que é um brinquedo e não pode voar, é simplesmente emocionante . Um nível de drama muito além do normal, que transforma Toy Story em um clássico absoluto. Uma homenagem a infância, que parte da visão que os bonecos têm das criaças. Toda a ambientação contribui para esse cenário saudosista . O vizinho é um destruidor de bonecos, todos tem pavor de ser perder, afinal de contas, o objetivo da vida desses seres é puro e cristalino : Fazer de seu amigo, o dono, uma criança feliz .
Misture a isso doses de humor inteligente que conseguem agradar aos adultos e homenagens a clássicos desde a ficção(2001 claramente) até filmes de aventura em geral, e terá um dos maiores filmes já feitos, sendo ou não animações. Claro que toda a sequancia é maravilhosamente dirigida por John Lasseter, que simplesmente não perde nenhum segundo. Todos seus takes são inteligentes, apropriados ao momento e experimentam vários estilos , desde a câmera trêmida até pequienas visões em primeira pessoa.
Por todos esses motivos, Toy Story é marcante, principalmente para as crianças da década de 90 (como o crítico que aqui escreve) que têm como uma de suas referencias na infância esse tipo de obra . A Pixar, em 2010,resolveu corajosamente fazer um segunda sequencia, depois de Toy Story 2 . E é preciso muita coragem para tal feito. A maioria das crianças de hoje em dia está mais acostumada a ver outros tipos de animação, mais burra e aventuresca. Fazer uma sequencia seria, no mínimo, arriscadíssimo, e o índice de fracasso seria muito grande. Felizmente, a Pixar confia no próprio taco e o lançamento vai acontecer em 3D . Porém, antes de Toy Story 3, os realizadores decidiram converter os dois primeiros filmes para a nova tenologia.
Já tendo assistido ao primeiro filme em 3D, devo falar que é uma experiência fantástica. O 3D não é assombroso como em Avatar,mas é usado pontualmente como em Up. O suficiente para ressaltar toda a beleza original do filme e tocar tanto os que já conhecem a obra quanto aos que não conhecem. É obrigação, portanto, ver Toy Story nos cinemas. Assistir os ícones - que só a Pixar sabe fazer- da maior animação de todos os tempos no cinema é tirar a sorte grande .Não é todo dia que se vê um clássico nas telonas .
5 Estrelas*****
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