É tradição da DreamWorks Animation realizar filmes infantis baseados essencialmente em ação , aventura ,e personagens carismáticos - e invariavelmente cômicos . É a maneira de se trazer dinheiro para o estúdio e de explodir com sucesso fácil entre as crianças . Foi o que o tentaram fazer no primeiro Kung Fu Panda (2008) . Protagonista gordinho e engraçado, pano de fundo de tons épicos e muita ação . Essa era a fórmula que faria o filme do urso Po o ''novo Shrek'' . E se a animação de 2008 já tinha sido um sucesso fenomenal , temos agora sua sequência . E é preciso dizer este Kung Fu Panda 2 , apresenta-se, de modo geral , numa forma ainda melhor que a de seu original .
Há fatores que explicam isso . Se o primeiro filme queria arrebentar em ação logo de cara , teve que aguardar a explicação da história , a introdução dos seus personagens . Era preciso apresentar Po , aguardar sua maturação , e contar a velha historinha do ''escolhido improvável''. Assim , o primeiro filme agradou muito , mas, verdadeiramente, o papel de ''ir direto ao ponto'' tem muito mais a cara deste segundo longa . Sem perder tempo , Kung Fu Panda 2 parte para a ação sem cerimônia - o que faz dele um produto tão mais divertido - mas também não se esquece das partes dramáticas nos momentos certos de projeção - o que o torna um mínimo avanço para a didática da DreamWorks.
Praticamente , toda a história do filme se esboça em seus 5 primeiros minutos de exibição . É contado - em uma animação 2D de artes gráficas interessantes - que Lorde Shen , um príncipe pavão , ao saber da descoberta da pólvora , começa a utilizá-la para fins destrutivos , e não meramente lúdicos - como para fogos de artifício , por exemplo . Ele inventa as armas de fogo , e , com seus canhões , pretendia subjugar toda a China . Uma profecia , entretanto , dizia que Shen não conseguiria realizar tal feito , pois um ser preto e branco o impediria . Para previnir-se , o pavão ordena que todos os pandas do reino sejam dizimados . Ele é expulso do reino por seus pais logo após isso , mas promete um dia voltar e se vingar de todo o povo chinês . Quando ele retorna , só Po (o panda sobrevivente) e seus companheiros podem impedir tal tragédia .
A partir desta breve explicação ilustrada , já temos todo o esquema do filme armado . São Po e os Cinco Guerreiros , contra o exército do pavão e seus poderosos canhões . Não há nem cogitação para enrolar ou complicar, e partimos todos para dentro da ação junto aos protagonistas . Essa simplicidade que vive estampada na cara da DreamWorks , agora parece mais admitida, mais aceitada . Se é ação que se sabe - e se quer - por em prática , então que a façam com destreza e admitindo o roteiro raso . Fazendo isso , esta segunda aventura de Po pelas telas se torna mais limpa em carga narrativa , e por conseguinte um entretenimento muito acima da média .
Todo esse gás proveniente de uma história simples e direta , dá , é claro , muita força para a produção , mas não seria o suficiente para mante-la viva por 95 minutos . É aí que Kung Fu Panda 2 conquista seu diferencial crucial - sua parte dramática . O filme tem seu foco nas belas cenas de ação , mas trás também a temática do passado de Po . O Dragão Guerreiro , afinal , vai enfrentar , pelo bem da China , o assassino de seus pais . Toda a ação é permeada por detalhes dos pais de Po , da noite do massacre , de sua superação frente ao ocorrido . Isso tudo ajuda a engrandecer o personagem principal , aumentar sua tridimensionalidade dramática , na busca por sua ''paz interior'' . Conseguir reunir com sucesso dois artifícios fundamentais para uma animação hoje em dia - o entretenimento de qualidade e um drama minimamente trabalhado - é o trunfo principal do longa .
O resto fica por parte das suas belezas visuais e do talento da equipe técnica . A direção de arte , assim como a fotografia , extraem toda a intensidade da cultura chinesa , e as paisagens orientais são ressaltadas em relação ao primeiro filme . Muito competente também , é a diretora estreante Jennifer Yuh Nelson , que tem excelência ao dirigir de um modo semelhante ao do primeiro filme - fornecendo um senso de unidade á franquia - e obtendo êxito nas partes de luta e de perseguição . Ágil , com takes muito bacanas , - destaque para toda a sequência de fantasia de dragão , que possui sacadas visuais interessantes - ainda consegue se sair bem na utilização do 3D . Explorando o estudo de profundidade com objetos que frequentemente trabalham dentro e fora do 3D , temos em Kung Fu Panda um exemplo de emprego orgânico da tecnologia, que , se não é fundamental para o filme , o preenche de detalhes preciosos . Um exemplo de longa que vale a pena gastar para ser assistido com os óculos , pois de fato trabalha com a cara tecnologia de maneira decente .
Admitindo sua ação desenfreada sem querer problematizá-la num roteiro mais cabeçudo - ou seja , assumindo ser uma aventura escapista pura e simples - e desenvolvendo seu personagem através de arcos dramáticos mais densos - como realizado em Como treinar seu Dragão - Kung Fu Panda 2 é , mesmo que tímido , um avanço . Mas lembre-se : É um avanço nos termos obsoletos e egessados da DreamWorks . Para chegar ao nível da Pixar , ainda falta uma China inteira para o estúdio percorrer .
Obs : Nota-se ao fim da sessão, que esta será a nova franquia que ''sustentará'' o estúdio , devido a um grotesco e desnecessário gancho para continuação .
4 Estrelas ****
Obs : Nota-se ao fim da sessão, que esta será a nova franquia que ''sustentará'' o estúdio , devido a um grotesco e desnecessário gancho para continuação .
4 Estrelas ****
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