A Ficção do momento dá um gosto de decepção.
Realmente é de cair o queixo o bom rendimento de Distrito 9 obteve nas bilheterias. Com uma produção de orçamento baixo o filme conseguiu quase quadriplicar o valor do orçamento inicial( de 30 milhões) apenas nos EUA. Um fator da grande atenção e dos holofotes virados á essa produção se deve ao nome de Peter Jackson , que apadrinhou o diretor estreante em longas(Neill Blomkamp) e produziu o filme.Inicialmente, eles eram cotados pra trabalhar em uma adaptação do game Halo, da Microsoft, que, por problemas com o orçamento, foi cancelada, e substituída quase em última hora por Distrito 9, filme baseado no curta realizado por Blomkamp.
E que genial é essa trama inicial de Distrito 9. Sem dúvidas teria vindo para revolucionar todos os outros anteriores do gênero. Colocando um contexto até mesmo político na trama. O filme começa sem muito alarde, mostrando logo de cara que é para ser encarado como um documentário falso sobre acontecimentos decorrentes de uma parada de uma nave alienígena sobre a capital da África do Sul, Joansburgo. O início é espetacular, e mostra com todo o cuidado e calma os eventos, suas consequencias e perigos. Os áliens, achados em condições precárias dentro da nave , são transferidos para um lugar como ''um campo de refugiados'' denominado Distrito 9. Entretanto o relacionamento entre áliens e seres humanos na região fica difícil, com muitos conflitos e problemas. Assim,depois de 20 anos desde a chegada da nave, o governo prepara um plano para transferir toda essa população álien para um outro campo, afastado da cidade.
Essa trama de início, como uma sinopse, é muito boa. Mostra uma referência óbvia porém muito bem colocada ao Aparteid.Colocar áliens é mostrar com imagens o que talvez um discurso não conseguisse. Dessa premissa, esperamos uma história de drama desse povo extra-terrestre, suas dificuldades de relacionamento com os humanos e sua vontade de voltar para casa. Blomkamp nos dá esse gosto, colocando de início todos os problemas e toda a ambientação da trama . Faltava apenas desenrolar o resto. Mais foco dramático, talvez um embate entre as duas raças e o problema do retorno dos E.Ts pra casa. Entretanto, ele nos tira o doce da boca e vira a trama em cima de um personagem um tanto descabido e que tira a trama do seu foco mais legal. Wikus van de Merwe( o bom Sharlto Copley) é o trabalhador da MNU( um tipo de ONU para relações alienígenas) que fica encarregado como chefe da operação de transferimento dos áliens para o novo local. Esse personagem foi o início do erro do cineasta. Um protagonista seria nocivo para o desenvolvimento da trama, pois toda atenção seria desviada a ele. Assim foi. Pelos meados do filme, Wikus já tinha se tornado o cern da história. Suas implicações mais fúteis ainda, se comparadas ao grande drama de ficção que Blomkamp poderia ter tornado esse filme se desse mais atenção a didática do E.Ts. Contudo, ele coloca um protagonista com problemas ''sérios". É quando Wikus é infectado pelos áliens e começa a ser perseguido pelo governo,que quer coloca-lo sob testes, pois obtendo dois DNAs, ele pode manusear as armas potentes dos áliens.
Deste modo, o filme fica condenado, dando 80% da atenção aos problemas do protagonista e o resto a trama dos áliens. Mas o bom espectador sabe o que é melhor assistir. E não é a trama de controle bélico com certeza. A partir daí, o filme se restringe a um grande filme de ação, com uma sequencia final monstruosamente agitada e violenta( a censura dar apenas 14 anos foi estranho)com uma batidíssima cena de sacrifício do herói.
Descrever a direção como um só é um tanto difícil, se tratando de um filme que apresenta uma boa parte de documentário. Mas sem dúvidas, o estreante é um ótimo diretor de ação. Não acrescenta nada muito revolucionário aos tipos de direção já existentes, mas registra tudo sem perder nada e só aumenta o ritmo.Fora isso ele consegue simular bem um documentário.Sem parecer artificial. Outro quesito técnico que merece distinção é o visual do filme. O clima quente de Joanesburgo é bem capturado , e a fotografia nessas cenas externas é maravilhosae quase consegue no passar o calor real. Em cenas internas,o diretor de fotografia Trent Opaloch opta por um tom esbranquissado, que dá um tom maravilhoso, mesmo já tendo sido usado antes em outros diversos filmes.
Uma observação a técnica do filme também deve se destacar pelos efeitos especiais. Com pouco orçamento, os efeitos tanto de naves como de seres extraterrestres são maravilhosos. Os detalhes dos ''camarões'', apelido dos seres, são ótimos, e não devem nada a muita superprodução por aí. Por falar nisso, em comparação com filmes de orçamento um pouco mais alto como Presságio, Distrito 9 se sobressai facilmente em relação aos efeitos. Tudo bem que sendo o dono da Weta o produtor do filme, os efeitos dos camarões devem ter sido feitos com um preço camarada.
Fica então o meu desejo de que esse filme tivesse sua parte do meio para o fim inteira refeita, pois é um tema muito bom, mas mal executado pela falta de coragem e visão a longo prazo de Neill Blomkamp. É uma pena. Mais um dos tantos lamentos cinematográficos.
3 estrelas***
Putz.. Esse filme tinha tudo pra dar certo.. Que otário.
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