Old School Nerds

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domingo, 22 de novembro de 2009

2012

Roland Emmerich destroi o mundo mais uma vez. Com outra desculpa.

Em Hollywodd, os diretores normalmente têm seus gêneros preferidos, e trabalham nele , variando de projeto em projeto, procurando melhorar e fazer algo diferente sempre. Roland Emmerich se especializou e colocou a frente os chamados "filmes - catátrofe",onde algum acontecimento devastador acontece, e os danos se mostram gigantescos. Depois de fazer o abalamento do mundo por ETs no dia da independencia dos EUA, e dar uma lição de moral sobre o aquecimento global, Emmerich se tornou o pai desse tipo de filme, e veio para mais um projeto:2012.

A(tão comentada) teoria Maia, entre muitas outras, confirma que o mundo acabará em 2012, mais precisamente no dia 21 de Dezembro desse ano. Com várias teses de inversão dos polos, tsunamis e terremotos, o diretor alemão não podia pensar em outra coisa: realizar um grande, muito grande blockbuster sobre o fim do mundo. Com muito dinheiro e efeitos, Emmerich arregaçou as mangas para dirigir, e toda a propaganda do filme nos fazia acreditar que estaríamos pra ver um filme cheio de efeitos maravilhosos, com corajem digna de um fim de mundo definitivo. Entretanto, a maré não foi tão boa assim.

A história, como em muitos outros filmes - catástrofe, tem seu pai de família, Jackson Curtis,(John Cusack)que se divorciou da mulher Kate (Amanda Peet) e tenta reconquistar o filho que o odeia passando algum tempo com ele e com sua filhinha linda. Pois é, alguém se lembrou de Guerra dos Mundos? Outro afluente da história nos leva ao cientista Adrian Helmsley, que após voltar de uma pesquisa na Índia, vê que o cataclisma mundial pode acontecer ante do que ele previa. É preciso então alertar o presidente negro dos EUA, e a partir daí, decidir como lidar com o fim do mundo.

Obviamente, um filme de destruição não poderia ter muitas invenções ou super-tiradas de roteiro.Se resumindo apenas a destruição e coragem, o filme podia se sair bem, até melhor do que o esperado. Entretanto, 2012 peca nos próprios quesitos em que podia ganhar, em em outros pequeninos deslizes. De começo, acredito que o filme poderia ter um pouco mais de seriedade. Tudo bem, é um filme blockbuster nada inteligente, direcionado para o público geral. É aceitável uma piadinha ou outra. Mas várias vezes elas entram, e sem uma necessidade real. É uma história que poderia se comprometer mais com o objetivo central e seus danos, e menos com destinos insignificantes de personagens. O mundo está acabando, todo o governo assume isso, e o namorado atual de Kate ainda se preocupa em explicar como conheceu uma mulher que o chamou na rua. Todos os personagens correm perigo, e Roland Emmerich se preocupa em mostrar a saga completamente estúpida e descabida de um Chiwawua - que não demonstrou uma importância lá muito grande no contexto - fugindo, tentando se salvar. Não dá né? Um pouco mais de seriedade e menos criancisse seria bom.

O apego também extremo aos personagens é de revoltar. Um filme ser mentiroso tudo bem, mas ser mentiroso e com clichês, sem fazer uma paródia, é bem ruim. O personagem de John Cusack parece um sobrevivente que passa nos episódios de "Câmeras Nervosas" da vida. Por mais ferrado ou sem saída que esteja, tudo dá certo a ele. Nesse momento o filme precisava de um pouco mais de parceria com a realidade. Mas parece ser mais fácil criar situações complexas onde apenas saídas não críveis dão solução. Seriedade. É o que falta a 2012. Um filme desse porte poderia ser assim. Sem querer tirar o rótulo"Filme B" em sua testa. Mas qual a dificuldade de destruir mundos, criar ação e fazer isso sem precisar apelar para a sorte 20 vezes ?

2012, por fim, se consolida como um grande pedido de desculpas a sociedade mundial. Um pedido de desculpas ao mundo por Bush. Um pedido de desculpas e homenagem a África. O seu final talvez seja uma das melhores partes. Surpreendentemente, 2012 mostra de uma outra visão o fim do mundo. Interessante, mas sem empolgar. Esse é o espírito do filme aliás. Divertido, mas sem criar raízes em nossa mente.

Tecnicamente, o filme tem seus deslizes. O Centro e o mais legal do filme sempre foram, desde o início, os efeitos e as cenas de destruição. Não faltam ao público, mas aos mais atentos, fica claro que faltou um pouco mais de dedicação.Em uma cena em que os protagonistas estão dentro de um pequeno avião e "contemplam" a destruição, o plano é amplo, e mostra a paisagem inteira, e no fim dessa cena esse avião passa sob o canto direito da tela. Em outra cena, o fundo é diferente, mas a movimentação do avião é idêntica.Um problema de direção, quesito o qual Emmerich faz com normalidade e nada muito além. Em cenas que requer o chroma-key, o famoso fundo verde,ele parece mal colado e os atores se destacam levemente dele. São pequenos erros, mas que não passam despercebidos. Fora isso, todas as outras cenas são ótimas em sua maioria. Efeitos realmente bem colocados, que inclusive assustam, como na virada monstruosa do navio ou na destruição da Casa Branca, como mostrada no trailer.

No final das contas, 2012 consegue penetrar em nossas mentes com as mensagens de que o ser humano não perde sua ganância nem em face ao fim dos tempos, e consegue nos impressionar com efeitos realistas. Porém, por diversos momentos, me vi assistindo a uma aventura criada nos anos 80, com grandes feitos e façanhas(principalmente no fim.). Algo muito comum e normal, o que faz 2012 não ter nada de especial. É, simplesmente, mais uma obra do devorador de mundos Roland Emmerich.

3 estrelas***

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