Old School Nerds

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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Inimigos Públicos

Michael Mann leva seus policiais a década de 30.

Nomes que sempre surgem a nossa boca quando o assunto é ação atualmente são: Paul Greengrass, Christopher Nolan, e recorrentemente, Michael Mann. Não é por menos. Mann é um diretor que dá um toque artístico a trabalhos que poderiam ser esquecidos em fileiras de filmes comuns. Collateral tinha um roteiro muito bom dese princípio, é claro, mas aplicado por um diretor menos competente poderia perder todo o seu efeito e estilo. Mann entra em tática em seus filmes com essa arma, e com muitas outras.

Em Inimigos Públicos, Mann vem dar seu estilo a década de 30, tratando de uma história baseada em fatos reais.Seria uma tarefa mais demorada se pensarmos bem, e muito massante para quem assiste. Entretanto, o diretor faz um filme muito melhor que filmes por completo ficcionais. Um filme para todos os gostos também, vale ressaltar. Drama, ação(nesse quesito o filme merece destaque) e o suspense tensionado que o diretor faz com destreza.

A trama é simples: Em 1933, no quarto ano da grande depressão,grandes ladrões de banco fazem a festa, e a polícia tem dificuldades para capturá-los. O inimigo público número 1, John Dillinger(Johnny Depp), continua com seus capangas, e logo de início solta uma grande parte deles na cadeia. Diante disso, o investigador Melvin Purvis (Christian Bale) é designado para ser o chefe de uma equipe para caçar esses gangsteres, e por conseguinte, conseguir realizar o desejo de J. Edgar Hoover (Billy Crudup), formar o FBI.

Sem muitos diferenciais gritantes em seu roteiro, o filme tem um ponto dramático bom, e consegue capturar a pressão dos dois lados – tanto o da polícia, quanto os dos bandidos. E esse filme não tem aquela coisa do bandido sempre dar uma de esperto e se safar na última hora da abordagem, deixando o acerto de contas para um momento final clichezado. Dillinger sim se safa, mas por vezes sofre por elementos surpresas da polícia, que, por sua vez, tem também dificuldades de capturar os ladrões elegantes.

Um ponto claramente bem aprofundado é sem dúvidas, o personagem de Depp. O roteiro se baseia muito em suas sacadas, frases de efeito e seu simbolismo de anti-herói com sorriso no rosto. Graças a Deus, o roteiro não vai muito além disso e tenta transforma-lo em um herói. Muitos podem pensar isso, pela contraparte séria de Christian Bale. Mas em última análise, seu personagem não pode ser considerado um vilão. Ele é sério, reservado, tem seus planos, mas o ator interpreta bem um policial competente, não um vilão. Talvez esse modelo de história menos maniqueísta seja o mais interessante do filme, mesmo que no final fique aquele cheiro de “mártir”. A personagem de Marion Cottillard poderia ter tido um espaço maior, mas quando ela entra em cena, é bem colocada e interpreta bem.

A direção de Mann é um succeso e espetáculo sempre. Seus closes em expressões de medo e angústia, sua condução em plano único são ótimos. Melhor ainda quando os takes únicos são rápidos, e a câmera gira, cruzando todo o set, para acompanhar um personagem. A ação, que o diretor coloca de maneira incrível, é de cair o queixo. Todas as seqüências em que há ação, ela é crua, ágil e extremamente realista. Não há clichês do exímio atirador sair metendo bala em todos. Todos se escondem , atrás de uma árvore ou de uma parede. E o tiroteio é grande e duradouro, barulhento também, mas um barulho que dá gosto de sentir.
A seqüência da abordagem do hotel perto da floresta, por exemplo, é , com certeza, a melhor cena de ação do ano. A direção daquela cena tem ângulos sensacionais, e nada é perdido.

Enfim, a fotografia de Dante Spinotti também brilha muito nesse filme. Não é apenas por sua beleza gráfica. Mas também pelo fato das cores não serem muito chamativas e mais esbranquiçadas. Portanto, vem a nossa mente a referência de ver reproduções de imagens da época, mas agora em cores, afinal. A música de Elliot Goldenthal é quase clássica, ao estilo de Hans Zimmer. Quando postas nos momentos certos, chegam a arrepiar.

Michael Mann consegue transpor todo o clima e ação de um policial do século 21 na década de 30. Talento de sobra, é correr pra assistir.

5 estrelas *****

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