Old School Nerds

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domingo, 8 de novembro de 2009

Substitutos

Um fraco John McClane no mundo do amanhã.

Bruce Willis geralmente é chamado para ser o action hero de seus filmes. Quando a HQ Substitutos, de Robert Vendetti e Britt Weldele foi anunciada para o cinema com o astro Bruce no papel de Harvey Greer, já era de se desconfiar que aquilo viraria um legítimo produto descartável Hollywoodiano. Apesar do material de base ter uma história interessante(nunca li), o filme com certeza deve ter ignorado todas as idéias de "um novo mundo perfeito" que a HQ deveria ter. Juntando todo o fato do filme ter deixado de lado as referências dos Substituos já existentes(The Sims é uma máxima) a uma equipe extremamente mediana, Substitutos não consegue empolgar nem aos fãs de ação, esperando um entretenimento normal.
Nesse novo mundo, os substitutos dominaram tudo, sem querer. Os seres humanos resolveram parar de andar pelas próprias pernas e quiseram ficar em casa, plugado a dezenas de fios enquanto comandavam seu substitutos de lá. Podendo fazer o que bem entender(incluindo morrer e reiniciar seu Substituto), os humanos até mudam sua aparência. Resumo: Viraram escravos da tecnologia e da vaidade. E conscientemente.

A trama segue Tom Greer(sim, eles mudaram o nome), um detetive que é um surrogate-addicted, um compulsivo por usar seu substituto. Ele descobre um possível assassinato de vários substitutos numa boate. Mas então ele descobre que a pessoas por trás desses substitutos também foram mortas, algo inédito. A partir daí, ele e sua parceira Jennifer Peters(Radha Mitchell, personagem homem na HQ) partem para descobrir que está matando os Substitutos e os humanos por trás deles.
Batida, a história apenas coloca um ótimo pano de fundo pra ter uma básica trama de assassinatos no centro. Diálogos desnecessários, reviravoltas previsíveis e situações que empolgam pouco cercam a trama.

Nas partes técnicas, pouco se destaca. A direção de Jonathan Mostow é mais uma vez boa, depois de ótimos takes de ação em Terminator 3. Na ação ele comanda muito bem, com habilidade nas cenas com mais cortes rápidos. Apesar desses cortes, as cenas são fáceis de acompanhar, diferente das lutas de Demolidor. Já na parte dramática, ele se destaca. Takes em terceira pessoa, câmeras estáticas e tortas e closes nos personagens ajudam a nos pôr no universo do filme sem muito alarde. A fotografia de Oliver Wood é mais uma vez soberba, sendo o ponto alto do filme. Wood, vencedor do Oscar, coloca um clima azulado que demonstra bem a tecnologia de ponta ali retratada. Nas cenas de ação, com locações mais abertas, sua iluminação também é ótima, sem perder o foco e produzindo algo icônico, coisa que ele já tinha feito em O Ultimato Bourne. Captando tudo com precisão, a dupla Wood-Mostow fez o que podia para registrar tudo com clareza e qualidade. A edição de Kevin Stitt e Barry Zetlin é interessante, impondo o ritmo que Mostow precisa. É boa, mas nada de especial, fazendo o necessário. Já a trilha sonora de Richard Marvin é ridícula, uma das piores já feitas na história cinematográfica atualmente. Seus ritmos são arrastados, desequilibrados e repetitivos. Nas cenas paradas, Marvin não consegue agilizar a trama de suspense, deixando um drama forçadíssimo. Nas cenas de ação, não se entende a trilha. De tão desequilibrada, ela nem é sentida por quem está compenetrado no clima. Ruim e algo de baixa qualidade, o ponto baixo do filme.

As atuações do filme são caricatas ou desequilibradas. Bruce Willis intepreta um John McClane no futuro, só que bem idiota e capenga. Seu Tom Greer tem clichês absurdos do "problema na família" ao "olhar perdido". Estúpido e sem-graça, o carismático Willis se perde no papel. Radha Mitchell está com sua competência habitual, mas sem poder se aprofundar no vazio personagem. Ving Rhames está bem, conduzindo o seu personagem normal ao papel de cool do filme. Interpreta com segurança, sem medo do ridículo roteiro imposto. James Crownell, excelente ator dramático, está perdido no papel mas tem sua veia artística visível. Já Rosamund Pike está bem, mas com pouco espaço na tela. Aliás, a maquiagem do filme merece aplausos, todos os atores estão belíssimos como os Substitutos.
O roteiro da conhecida dupla Michael Ferris e John Brancato é sofrível, mas tem seus momentos. Sua ação é bem construída, mas quando lhe é exigida um pouco de interação de personagens e situações mais nervosas, eles não dão conta. Não é á toa que o destaque do filme são as perseguições.

Num claro exemplo de material cinematográfico perdido, Substitutos não cumpre o que promete. A cena mais interessante do filme está no trailer, como a maioria das fracas adaptações pro cinema. Que da próxima vez Mostow e sua dupla de roteiristas sejão mais corajosos e não apostem em algo esquematizado e previsível. Eles têm potencial e uma equipe que não faz feio, mas não conseguem sair do comum com essa fraca ficção. Um pedido que merece ser feito: Michael Ferris e John Brancato, apurem seu senso dramático ou troquem de carreira.

** 2 Estrelas

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