Avatar é só mais um rostinho bonito com roteiro ruim de James Cameron.
Depois de fazer Titanic, seu último trabalho, há 12 anos atrás, que se tornou a maior bilheteria da história, James Cameron começou a trabalhar em um novo roteiro : o de Avatar. Nos últimos meses, ouvíamos sempre pessoas dizendo que Cameron estava trabalhando a 12 anos nesse script, e estava desenvolvendo uma tecnologia capaz de suprir a demanda gigantesca de efeitos de seu filme. No final de 2008 para o início de 2009, já estava previsto que Avatar seria lançado em dezembro de 2009. Então, os meses que se estenderam até essa data tinham, entre outras pautas, Avatar.
Muito mistério foi criado a partir daí. Nada era mostrado, a maioria das informações eram mantidas trancadas a sete chaves, tendo de início apenas a sinopse principal. Nos meses que se seguiram foram lançadas algumas imagens, algumas muito boas, como as dos Na'vis. Enfim, foi lançado um teaser, que não justificou todo o hype e mistério criado . Algo muito morno, que mostrava um desfecho clichezento. Teve, então, o Avatar Day, onde as pessoas mais importantes no ramo de cinema tiveram acesso a algumas cenas de Avatar. Nada , também, de impressionante demais. Após isso, víamos mais imagens diariamente, um novo trailer - um pouco melhor que o primeiro - e algumas semanas antes do lançamento, uma enxurrada de clipes, que não abriram muito o apetite para o filme. Toda a cultuação criada a partir do filme era apenas justificada pelo obeso orçamento - 300 milhões de dólares tiranto o marketing - e pelo rasoável diretor supervalorizado , James Cameron. Após algumas críticas positivas elogiando o visual do filme e umas poucas negativas ressaltando o fraco roteiro, uma opinião prévia era muito difícil de ter.
Após assistir Avatar da melhor maneira possível, é preciso dizer que todo o hype criado é estranho. O filme de Cameron é comum em suas bases. A história principal - que foi acusada por muitos de plágio, desde a literatura de ficção até uma animação tosca chamada Delgo - é batida demais. Um ex-fuzileiro paraplégico Jake Sully (Sam Worthington) que entra para o programa Avatar - onde sua existencia pode ser transferida para um corpo Na'vi geneticamente modificado- e é enviado para se infiltrar nos nativos e convence-los a se retirar de lá, segundo a vontade do coronel Quaritch(Stephen Lang). Entretanto, como mostrado nos próprios trailers, Jake se apaixona por Pandora e por Neytiri( Zoe Saldana),a filha de seu líder.
Toda essa trama, nos trás referencias óbvias, como Dança com Lobos e até mesmo Pocahontas. Só isso já seria suficiente para ter um certo desprezo pelo filme, já que a trama se executa da mesma forma que todas as outras . Entretanto, várias passagens do filme são tiradas de outras muitas situações batidas de filmes de aventura. A perseguição do Thanator atrás de Jake , desde seu início, é já muito conhecida. O mocinho conhecer a mocinha sendo salvo por ela de um bando de animais ferozes já está carimbado como patrimônio histórico aventuresco.O feito impossível, realizado apenas 5 vezes em toda história ,mas que pode ser realizado pelo mocinho também está. Sem dúvida nenhuma, Avatar é um filme atrasado. É um filme comum da década de 90, cheio de clichês e momentos - chave já conhecidos. Foi planejado por um dos cineastas mais defensores do chavão e clichê, em 1997. Se naquela época o filme já seria engolido de mau jeito, hoje em dia , sua trama principal fica mais intragável ainda.
Tem algumas tiradas mais novas e boas, é verdade , como por exemplo, a trasição de corpo de Jake, que não é definitiva. Enquanto ele dorme em um corpo, está vivo em outro. Há também a boa concepção do ecossistema de Pandora. Ele é um corpo inteiro vivo, mas não alguma metáfora. É algo real , todos os seres vivos são ligados por meio de uma imensa rede de "nervos". Todos os seres vivos podem sentir e se relacionar direta e literalmente com o resto do sistema. Outro ponto positivo são os personagens Na'vi. São seres apaixonantes, e sua concepção do mundo ao redor e sua relação com ele são fantásticas. Essa é parte boa e visionária de James Cameron em ação . Contudo, no roteiro de diálogos, ele nos decepciona de novo. Os personagens são cheios de frases de efeito, principalmente o vilão de Stephen Lang . Vilão esse, que não tem muito de especial. É o típico vilão que queria ter o mocinho junto com ele para realizar seus planos maléficos, mas como não pode, decide acabar com ele.Outro problema é a preocupação com os personagens. Alguns tem um apreço grande e seu fim é muito bem marcado. Já outros, nem sequer são mencionados depois, mostrando um despredimento um tanto estranho. Enfim, é possivel separar a trama de Avatar em 5 Atos , que já estão colocados no trailer: 1- Chegada de Jake em Pandora, e o reconhecimento dos primeiros personagens. 2- Sua vida nova com seu Avatar, e o reconhecimento de Pandora e seus habitantes nativos. 3 - Seu enlace afetivo com os mesmo. 4- Distanciamento deles. 5- União final iniciada por um evento incrível.
Diante disso, avaliemos a "outra metade" de Avatar . A parte sem defeitos, a parte perfeita e maravilhosa. Os efeitos especiais. Sem ter muito o que discutir, são os melhores efeitos especiais já feitos. Todo o ecossistema de Pandora foi feito com dedicação e competencia enorme. Não parece mesmo CGI. Por vezes nos deparamos com efeitos de mata tão bons, que nos parece mata real, com animais reais. É tudo feito de maneira sublime, sem nenhum erro, é preciso ressaltar. A realidade dos Na'vi, é mais que impressionante. O jeito que se movimentam, sua expressões faciais...Não há erro. Parecem realmente áliens que realmente existem. E isso era muito importante para o filme, já que seu núcleo é muito grande e eles tem tempo de tela imenso, muito maior até do que os atores humanos. O 3D contribui muito para a imersão, e como é um 3D utilizado incessantemente ao longo de toda a exibição, realmente é uma experiencia sensacional, que te introduz de maneira única no universo do filme.
A direção de Cameron, como de costume, é épica. Ele filma tudo como grande acontecimento, e isso não é ruim, sua direção aqui está de fato boa. Principalmete nas cenas de ação. Captura muito bem todos os movimentos. Todavia, Cameron utiliza elementos de direção mais modernos concebidos por cineastas como Zack Snyder e J.J.Abrams. A câmera lenta que se acelera do nada e o zoom em determinados momentos. Tudo isso para tentar atrair a atenção do público para uma possível "modernidade" no filme.
Em atuações, temos de destaque Zoe Saldana. Ela entra no personagem como ninguém, interpreta de maneira impressionante e carrega o filme nas costas em detreminados momentos. As atuações de todos os outros são até boas, mas nada demais.A fotografia de Mauro Fiori faz o que é necessário, nada muito além do normal. No 3D ela fica ainda pior, pois os óculos escurecem o filme. A trilha sonora de James Horner é boa , tem um ritmo épico, assim como o a direção de Cameron pedia . Porém, não há nada de especial demais que justifique um possível futuro Oscar . Mas como já é um compositor consagrado, a Academia deve querer dar mais esse agrado ao filme de Cameron. Isso além do também possível Oscar ou Globo de Ouro para a Canção Original. Outro que seria injustiça. A música "I See You" é fraca e simplória, e tenta fazer o que a música "My Heart Will Go On " fez em Titanic. Aliás, O nome música final de Avatar é uma frase de amor dos protagonistas. E uma frase um pouco forçada, devo dizer.
É fato que muitas pessoas estão avaliando Avatar por aí apenas por seus efeitos explêndidos e sua inovação tecnológica. Para mim, efeitos não compram filme. Efeitos são alegorias e adereços de uma história bem colocada e original. Se um filme se apoia nessas alegorias e tem uma coluna principal mal desenvolvida, ele não tem como atingir nota máxima. Avatar não é um dos melhores filmes de 2009 nem de longe. É um marco para a tecnologia do cinema, para mais a frente, ela ser utilizada de diversas outras formas, muito mais inteligentes e inovadoras. Dessa vez, com Avatar , não foi. James Cameron faz simplesmente mais uma tsunami de clichês, dessa vez com seres azuis e efeitos divinos.
3 estrelas ***
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