Old School Nerds

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sábado, 26 de dezembro de 2009

Clube da Luta

David Fincher faz uma epopéia lisérgica sobre o que é ser homem.

Existem alguns filmes que surgem em determinadas épocas e simplesmente revolucionam toda a indústria . Vão além do que era de costume ser feito no cinema e fazem um show tanto no visual como no seu roteiro. Laranja Mecânica, no início da década de 70, continha cenas de nudez completa, violência em demasia e uma temática que criticava o governo de forma aberta. A frente de seu tempo, sem dúvidas. Pela década de 80, teve Videodrome, que foi um real loucura, no bom sentido. Crítica a fome dos vídeos de da TV, uma ótima premissa. Na década de 90, uma década fraca e acomodada, a não ser pelo surgimento de Quentin Tarantino e outros eventos, não poderia deixar de ter sua obra lisérgica que modificaria a indústria e se tornaria cultuada. Surgiu, no final do ano de 1999, Clube da Luta.

Adaptado da obra de Chuck Palahniuk, Clube da Luta conta , após uma seqüência de créditos das mais estilosas já feitas, a saga de um jovem(que não é nomeado) empregado numa empresa automobilística (Edward Norton) que sofre de insônia pesada , e, para resolver esse seu problema, precisa ir a sessões de grupos de auto-ajuda de pessoas com câncer terminal(?!!). Quando vai, dorme como uma criança. E seguimos uma boa parte do filme ouvindo o narrador sem nome contar sobre sua vida. E, na maioria dos espectadores, ocorre o auto-reconhecimento. O personagem de Norton é o retrato, sem nenhuma caricatura, do homem daquela época da década de 90, que existe até hoje. Um espécime estressado, pressionado pelo chefe, que não consegue dormir nem relaxar, que é pressionado pelas mídias a comprar e comprar cada vez mais, e vê o foco de sua existência nos seus bens materiais.

Então, numa dessas viagens que seu trabalho exigia, dentro de um avião, ele conhece Tyler Durden (Brad Pitt) , um vendedor de sabão que era tudo o que o personagem de Norton não era : Calmo, relaxado, inconseqüente e completamente desligado das posses. Realizava coisas que o protagonista nunca pensara em fazer...Desde de ser um garçon que urina nas refeições até um editor de filmes que põe mensagens “subliminares”neles. Depois desta viagem onde se conhecem, quando o narrador volta pra seu apartamento, descobre que o mesmo explodiu. Então pede para ficar por um tempo na casa de Tyler. Lá, aprende , ou melhor, reaprende a ser um homem de verdade. Com muito mais desleixo e um espaço para um item essencial pros homens : a violência . É assim, começando apenas com uma pequena luta dos dois, que surge o Clube da Luta . Um lugar onde o importante não era vencer o adversário. O objetivo era liberar toda a fúria do homem moderno que foi aprisionada por convenções urbanas, a vida agitada e estressada, que praticamente “capou”os homens do mundo .

É nessa base de história que o roteiro se afixa. O redescobrimento do homem através do extravasamento de adrenalina e raiva . Como colocado no próprio filme de maneira genial, os homens dessa era são os esquecidos da história. Não tem um Guerra Mundial a enfrentar , não há pontos de escape para o lado animal masculino. Com o Clube da Luta, todo esse lado selvagem é posto pra fora, servindo de ajuda psicológica sem igual. Esse Clube, não deixa de ser o apoio emocional dos homens, assim como os grupos de auto-ajuda de pessoas de câncer eram no início do filme. Mas até quando esse apoio é benéfico e a partir de onde ele começa a extrapolar?

Como há um excesso de informação e referencias no filme, acredito que seja impossível adquirir tudo de uma só vez. É preciso, pelo menos, uma segunda assistida ao filme para que se possa digerir todo o bom conteúdo colocado em tela de forma completa.

Tecnicamente, Clube da Luta vira mais sensacional ainda. É fato que é um filme importantíssimo para a história do cinema em geral. A começar, pela sua direção. Algo de outro mundo. David Fincher foi a muito a frente de seu tempo ao escolher uma direção tão rápida , tão ágil. Um estilo completamente contemporâneo que é avançado até hoje. Seus takes que só contem efeitos especiais são tão bons quanto os outros com atores normais. Ele acompanha todo o acontecimento “de computador” como ninguém jamis fez. Ótimo.

Outra coisa explêndida é a trilha do filme, da dupla Dust Brothers. Uma música vibrante, moderna e com estilo ótimo. Dá o tom exato do filme, em momentos cômicos e dramáticos. Pra acompanhar o trabalho de música, a fotografia sublime de Jeff Cronemweth. Faz o estilo sujo e iluminado por diversa luzes da cidade grande. Sujo e urbano, algo maravilhoso e dificilmente repetido. A edição do filme também é ótima. Acompanha o ritmo acelerado da direção. Em atuações, o filme não deve nada. Helena Bohan Carter faz seu papel de maneira interessantíssima, e mostra que tem talento. Mas o espaço é mesmo de Edward Norton e Brad Pitt . O primeiro é engolido pelo personagem e o segundo dá vida a uma personagem completamente nova, e é o destaque. Como Pitt não ganhou o Oscar até hoje, não sei.

Clube da Luta é avançadíssimo e abalou os pilares dos anos 90. Tanto por sua história lisérgica, visual belíssimo ou direção magistral. É um filme muito a frente de sua década, de seu século,e merece ser admirado por gerações infinitas.

5 Estrelas *****

Um comentário:

  1. Tava na hora de ver o filme..eu disse que era 5!!!
    Demoraram ein..Nao deve ser tao diferente do que vai lançar agora..o Vale Tudo!!! Nao acham??

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