Drama pesado choca e emociona com qualidade vistosa.
É comum , todo o final de ano, um pouco antes das grandes premiações cinematográficas, surgirem dramas de baixo orçamento feitos pra essas ocasiões. Na maioria das vezes, feitos para o próprio Oscar. São fórmulas para ganhar prêmios, utilizando artifícios dramáticos fortes, situações realmente apelativas que sensibilizam e ‘‘ganham’’ os críticos do mundo todo. Preciosa , que chega nos cinemas brasileiros essa semana, é , superficialmente, um filme feito pra Oscar, com uma fórmula pra este sentido . Entretanto, olhando mais de perto, podemos ver a beleza e profundidade infinita que o filme de Lee Daniels tem, que o difere graciosamente do geral.
Baseado no livro Push, escrito por Sapphire, como o longo título original diz, Preciosa é daqueles filmes que, também a primeira vista, aparenta ser baseado apenas em grandes atuações e num roteiro bem esmerado, e que o diretor serve apenas como ‘‘carregador de piano ’’ (aqueles cineastas que se resumem ao trivial e não fazem nada além daquilo). Mas não. Surpreendentemente, além de atuações imponentes e roteiro forte, Lee Daniels arrebenta com um estilo que dá gosto de ver.
Só por isso, já dá pra admitir que é um filme extremamente diferenciado. A história se baseia na personagem do título Claireece Precious Jones(Gabourey Sidibe), uma garota que vive na década de 80 e enfrentra diversos problemas. Só pra começar, ela é obesa, negra, tem uma filha com problemas e está grávida de outro bebê. E se só isso já não fosse o suficiente, o filme ainda dá mais “surpresas” . Ela ainda sofre da tirania da mãe ( Mo’Nique) que vive da renda do auxílio desemprego somado da ajuda da assistência social para a neta que nem vive com as duas . E , graças a essa nova gravidez de Preciosa, a protagonista é transferida para uma escola alternativa, onde ela é aluna da professora Blu Rain (Paula Patton), que a ensina muito mais do que a ler e a escrever , mas a ter uma válvula de escape para a vida duríssima.
A realidade mostrada no filme é mais do que só emocionante. Preciosa é a síntese mais recente da máxima ‘‘o que está ruim pode ficar pior ”. Entretanto, nada é apelativo ou forçado. A imersão no mundo destruído de Preciosa não é caricata, não faz maniqueísmos. Tudo é bem realista, e, se a realidade é quase insuportável, ela é mostrada desse jeito. E a dose de realidade é tão grande que aparece inclusive no desfecho, um dos melhores do ano . Não há nada de irreal ou de super-acontecimento. Apenas algo muito belo, e que se encaixa muito bem no contexto da trama. Outro ponto interessante para a composição do roteiro são os pontos para respirar no meio de tanto caos. Esses pontos são os sonhos de Preciosa, onde seu mundo é perfeito, ela é desejada por homens bonitos, é branca e rica, e vive no mundo de celebridades . Ainda há alívios cômicos, mas que surgem tão naturalmente que nem parecem propositais. Todos esse ‘‘alívios’’ da trama, são praticamente os mesmos alívios que Preciosa tem para sua vida .Por isso a fluidez é tão boa.
A direção de Daniels também impressiona muito . Tendo feito anteriormente apenas o fraco Matadores de Aluguel , Daniels apresenta uma direção bem inesperada, pelo menos pra mim. Quem fez tão mal seu primeiro e até então único filme, dificilmente apresentaria tal feito aqui. Sua direção de atores é precisa e confiante, abusa de takes longos, variando de um ator para outro. Usa muito bem também a câmera na mão, que treme e balança enquanto enquadra os rostos das protagonistas. Também abusa repetidamente de zooms nas faces dos atores. Nesse aspecto, é quase experimental seu modo de dirigir. Entretanto, o efeito desses zooms e cameras balançanates é um tom quase documental, que combina muito com o filme.Do ponto de vista técnico, só a fotografia não se sobressai tanto. Dá um tom sujo, mas não vai muito além disso.A trilha mistura várias faixas de músicas do guetos na década de 80. Combina e ajuda a cosntruir o filme, mesmo que timidamente.
Em atuações, o longa é quase irretocável. Gabourey Sidibe faz muito bonito e quase não dá pra perceber se está atuando ou não. Consegue personificar toda a angústia, tristesa e personalidade forte de Preciosa . Já com Mo’Nique, a história é outra. Simplesmente, a melhor atuação feminina do ano. Merece o Oscar e deve levar, depois do Globo de Ouro. Sua interpretação é ótima , muito profunda e intensa , como a personagem pedia .O resto do elenco também é ótimo . Destaque para Mariah Carey, que atuou muito bem quando pedida. Só Paula Patton, que pareceu um pouco artificial.
Preciosa –Uma História de Esperança merece estar figurado entre os melhores filmes do ano, e todas suas indicações a todos os prêmios são merecidos. É uma obra de arte muito bonita, escondida sob o rótulo de ‘‘ filme de Oscar ’’ . O choque de realidade misturado com técnica dá num resultado para se aplaudir de pé.
5 Estrelas *****
É comum , todo o final de ano, um pouco antes das grandes premiações cinematográficas, surgirem dramas de baixo orçamento feitos pra essas ocasiões. Na maioria das vezes, feitos para o próprio Oscar. São fórmulas para ganhar prêmios, utilizando artifícios dramáticos fortes, situações realmente apelativas que sensibilizam e ‘‘ganham’’ os críticos do mundo todo. Preciosa , que chega nos cinemas brasileiros essa semana, é , superficialmente, um filme feito pra Oscar, com uma fórmula pra este sentido . Entretanto, olhando mais de perto, podemos ver a beleza e profundidade infinita que o filme de Lee Daniels tem, que o difere graciosamente do geral.
Baseado no livro Push, escrito por Sapphire, como o longo título original diz, Preciosa é daqueles filmes que, também a primeira vista, aparenta ser baseado apenas em grandes atuações e num roteiro bem esmerado, e que o diretor serve apenas como ‘‘carregador de piano ’’ (aqueles cineastas que se resumem ao trivial e não fazem nada além daquilo). Mas não. Surpreendentemente, além de atuações imponentes e roteiro forte, Lee Daniels arrebenta com um estilo que dá gosto de ver.
Só por isso, já dá pra admitir que é um filme extremamente diferenciado. A história se baseia na personagem do título Claireece Precious Jones(Gabourey Sidibe), uma garota que vive na década de 80 e enfrentra diversos problemas. Só pra começar, ela é obesa, negra, tem uma filha com problemas e está grávida de outro bebê. E se só isso já não fosse o suficiente, o filme ainda dá mais “surpresas” . Ela ainda sofre da tirania da mãe ( Mo’Nique) que vive da renda do auxílio desemprego somado da ajuda da assistência social para a neta que nem vive com as duas . E , graças a essa nova gravidez de Preciosa, a protagonista é transferida para uma escola alternativa, onde ela é aluna da professora Blu Rain (Paula Patton), que a ensina muito mais do que a ler e a escrever , mas a ter uma válvula de escape para a vida duríssima.
A realidade mostrada no filme é mais do que só emocionante. Preciosa é a síntese mais recente da máxima ‘‘o que está ruim pode ficar pior ”. Entretanto, nada é apelativo ou forçado. A imersão no mundo destruído de Preciosa não é caricata, não faz maniqueísmos. Tudo é bem realista, e, se a realidade é quase insuportável, ela é mostrada desse jeito. E a dose de realidade é tão grande que aparece inclusive no desfecho, um dos melhores do ano . Não há nada de irreal ou de super-acontecimento. Apenas algo muito belo, e que se encaixa muito bem no contexto da trama. Outro ponto interessante para a composição do roteiro são os pontos para respirar no meio de tanto caos. Esses pontos são os sonhos de Preciosa, onde seu mundo é perfeito, ela é desejada por homens bonitos, é branca e rica, e vive no mundo de celebridades . Ainda há alívios cômicos, mas que surgem tão naturalmente que nem parecem propositais. Todos esse ‘‘alívios’’ da trama, são praticamente os mesmos alívios que Preciosa tem para sua vida .Por isso a fluidez é tão boa.
A direção de Daniels também impressiona muito . Tendo feito anteriormente apenas o fraco Matadores de Aluguel , Daniels apresenta uma direção bem inesperada, pelo menos pra mim. Quem fez tão mal seu primeiro e até então único filme, dificilmente apresentaria tal feito aqui. Sua direção de atores é precisa e confiante, abusa de takes longos, variando de um ator para outro. Usa muito bem também a câmera na mão, que treme e balança enquanto enquadra os rostos das protagonistas. Também abusa repetidamente de zooms nas faces dos atores. Nesse aspecto, é quase experimental seu modo de dirigir. Entretanto, o efeito desses zooms e cameras balançanates é um tom quase documental, que combina muito com o filme.Do ponto de vista técnico, só a fotografia não se sobressai tanto. Dá um tom sujo, mas não vai muito além disso.A trilha mistura várias faixas de músicas do guetos na década de 80. Combina e ajuda a cosntruir o filme, mesmo que timidamente.
Em atuações, o longa é quase irretocável. Gabourey Sidibe faz muito bonito e quase não dá pra perceber se está atuando ou não. Consegue personificar toda a angústia, tristesa e personalidade forte de Preciosa . Já com Mo’Nique, a história é outra. Simplesmente, a melhor atuação feminina do ano. Merece o Oscar e deve levar, depois do Globo de Ouro. Sua interpretação é ótima , muito profunda e intensa , como a personagem pedia .O resto do elenco também é ótimo . Destaque para Mariah Carey, que atuou muito bem quando pedida. Só Paula Patton, que pareceu um pouco artificial.
Preciosa –Uma História de Esperança merece estar figurado entre os melhores filmes do ano, e todas suas indicações a todos os prêmios são merecidos. É uma obra de arte muito bonita, escondida sob o rótulo de ‘‘ filme de Oscar ’’ . O choque de realidade misturado com técnica dá num resultado para se aplaudir de pé.
5 Estrelas *****
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