Old School Nerds

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domingo, 27 de setembro de 2009

Amantes

James Grey cria impactante romance dramático.

A Comédia romântica está muito na moda agora. Um gênero que é um vício de clichês, em que sabemos o final antes do meio, com atuações normais e nenhum proveito de roteiro. Mas está na moda porque ganha dinheiro e faz muitas mulheres felizes, mas irrita os cinéfilos.

Quando James Grey anuncia algum novo filme, é sempre de se esperar aquele esquema: Temática familiar, fotografia pesada e com tons de noir e uma direção que trata os protagonistas como pessoas normais diante da situação do filme.

Juntando o romance na moda com sua trama familiar, James Grey se consolida como ótimo diretor de drama. Ele põe todos os seus fatores rotineiros e coloca com eles um roteiro sincero, com situações possíveis, diálogos ágeis e muito clima pesado, típico dos problemas familiares.

Leonard(Joaquin Phoenix) é um homem que ainda vive com os pais e trabalha na tinturaria deles. Ele está extremamente infeliz, como se vê no primeiro frame(uma cena delicada de ser interpretada, que causa estranheza inicial). Logo depois, descobrimos que toda essa tristeza é causada pelo amor, principalmente o de sua noiva que o largou.
Mas Leonard vê uma oportunidade do amor retornar em sua vida quando ele conhece Sandra(Vinissa Shaw) em uma reunião familiar dos pais deles. A partir daí, se descobre que Sandra está gostando de Leonard e quer que ele recupere a alegria. Caminhando para essa relação, Leonard então conhece Michelle(Gwyneth Paltrow), sua vizinha. O jeito novo, liberal e descompromissado dela o encanta e ele aí fica em dúvida sobre o que ele irá fazer.

Para esse denso drama, Grey escalou um elenco soberbo. Joaquin Phoenix, em seu possível último trabalho, encarna com maestria o abobado Leonard. Leonard é tão esquisito que alguns no filme chegam a cogitar se ele tem sanidade mental ou não. Méritos para Phoenix, ator muito acima da média. Gwyneth Paltrow dá tudo de si para interpretar a intensa Michelle. Sua personagem é complicada, triste, determinada e, definitivamente, não consegue saber o que quer. Gwyneth faz tudo isso parecer normal. A desconhecida Vinissa Shaw atua com uma naturalidade enorme, passando tudo o que está sentindo para todos. Diferente de Michelle, Sandra é segura, feliz e é fácil de entender.
Todos os coadjuvantes atuam bem, mas são ofuscados pelos ótimos protagonistas, o que é normal aqui, tamanha a qualidade do elenco.

Nos quesitos técnicos, Grey exagera na qualidade de direção. Ele filma os atores com closes constantes, o que deixa o filme perturbador em alguns pontos. A agonia dos personagens é transmitida para o público de forma sutil. A direção de fotografia de Joaquin Baca-Asay é precisa e com os tons de noir conhecidos dos filmes de Grey. Mas aqui o noir não é relacionado ao cinema de crimes, de suspense. Aqui o noir é mostrado para demonstrar diferentes reações dos personagens, principalmente de Leonard. Quando ele está no telhado, com Michelle, a fotografia é mais clara, com posições de câmera em ângulos abertos, retratando a liberdade. Quando ele está com Sandra, o clima é escuro, com a câmera registrando o ambiente de forma sufocante, retratando a limitação do local, como se Leonard estivesse preso á aquilo. A edição de John Axelrad é boa, dando um ritmo nada apressado a trama.

O roteiro, de Grey e Richard Menello, é um achado. Com diálogos pesados, arrastados e cheios de culpa, o roteiro se sobressai da maioria, criando algo realmente único. É raro ver situações e diálogos sendo retratados de forma tão honesta e real. Situações, como a que Leonard sai da boate com Michelle, são bonitas de se ver. Quando Michelle chora ao retratar a sua realidade, fica evidente que Grey tomou cuidado em dar rumos ousados á sua trama. O próprio final representa essa ousadia.

Com Two Lovers, Grey não quis fazer o convencional. Ele resolveu ir contra a maioria, ávida por comédias-românticas. Ele resolveu voltar as raízes do romance bem executado e cativante. As cenas amorosas são bonitas e muito mais críveis que numa comédia romântica.

A partir de Two Lovers, eu irei confiante a qualquer sessão de filmes de James Grey e, principalmente, eu irei querer mais romance competentes como esse.

***** 5 Estrelas

Um comentário:

  1. Eu tenho uma baita vontade de ver esse filme. Assisti ao trailer antes da sessão de À Deriva, mas quando entrou em cartaz, o filme passou tão rápido pelos cinemas, que nem deu para eu tentar ver. Uma pena! Na primeira oportunidade, assistirei e voltarei aqui para comentar. Abraço!

    http://www.ezoneonline.com.br/blogs/meiaentrada

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