Old School Nerds

Old School Nerds

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Amor e Outras Drogas

Roteiro quase sabota filme de atuações e temáticas interessantes .

Filmes de comédia romântica em geral têm fases na indústria cinematográfica . Há épocas em que as mocinhas são as encalhadas , épocas nas quais casais interagem em filmes de ação . Talvez uma fase da safra atual seja a do sexo sem muito comprometimento . O filmes No Strings Attached - traduzido no Brasil justamente como '' Sexo Sem Compromisso'' - ainda não estreou , mas já possui na sua sinopse essa temática de um casal que só quer se relacionar pelo sexo, não estando dispostos a ter um relacionamento propriamente dito , e se livrar das amarras e frustrações que um namoro de verdade pode ocasionar . Invariavelmente , os dois se apaixonam, e precisam lidar com isso .

Amor e Outras Drogas é um exemplo desse tipo de filme . Mas não se foca nessa temática, como o filme de Natalie Portman e Ashton Kutcher deve vir a fazer. Existe a exploração , vista já no seu título , com a indústria farmacêutica em geral, tomada de uma perspectiva mais cômica , e também de um drama relacionado a doença - no caso , a doença de Parkinson . Essas temáticas múltiplas , que acabam tendo até uma unidade , ao final, não são problema algum , ao contrário . O problema do novo filme de Edward Zwick é o seu script fortemente esquemático , previsível em cada detalhe, e que , devido a isso , não consegue fugir do clichê .

A história do filme começa do ponto de vista do vendedor de eltro-eletrônicos Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) que se empregou na loja para contrariar o pai, que queria que ele seguisse a carreira de médico . Devido ao seu estilo completamente mulherengo , ele acaba sendo despedido, e na busca por um novo emprego , adentra nas fileiras dos representantes da indústria farmacêutica, mais exatamente na gigante Pfizer . Um dia, acompanhando um médico, ele conhece uma paciente, chamada Maggie Montgomery( Anne Hathaway) . Depois de chama-la para sair , eles constroem um acordo de apenas se encontrar para transar , sem nenhum compromisso . Lógico que eles acabam se envolvendo mais que isso, e têm que lidar com o amor e também com o mal de Parkinson de Maggie, que já tem a doença degenerativa com apenas 26 anos .

A introdução do filme é bem construída para mostrar alguns pormenores que o público não conhece das gigantes empresas farmacêuticas . Os métodos pouco ortodoxos que os vendedores bolam para passar as amostras do seu produto e não as amostras do concorrente , a chatice que os representantes proporcionam perseguindo os médicos , etc . Claro que isso é tudo alegoria e serve apenas de tempero para a história do casal protagonista . Mas são alegorias até interessantes e que produzem bons momentos - a descoberta do Viagra e a verdadeira revolução que o produto gerou é um ponto alto , afinal , o personagem de Gyllenhaal é uma verdadeira pílula azul ambulante , e combina como vendedor bonachão .

O núcleo da história que interessa - o romance entre Jamie e Maggie - era previsível desde o trailer , mas até aí , não temos um erro . O clichê por si só não é um deslize imperdoável, e alguns filmes simplesmente não conseguem fugir dele , mas , por possuírem uma execução bem fundamentada , conseguem agradar . O problema começa quando vemos na nossa frente a esquematização do roteiro . Uma coisa é você ter noção de qual vai ser o final de um filme, mas ter prazer em ver informações novas até lá , a outra é você saber exatamente qual arco está sendo apresentado no momento, e ter já conhecimento das curvas que a trama vai fazer até os créditos finais . Exemplos disso : Tron Legacy e Avatar , respectivamente . E fica complicado não comentar da esquematização escancarada de Amor e Outras Drogas , quando , em um momento, temos quase um vilão -imbecil - no filme . Fora isso, os 4 arcos clássicos dos filmes românticos são respeitados â risca , e temos, vejam só , uma quase ''cena de aeroporto '' . Aí fica difícil .

De inovador, porém ,podemos indicar a o arco da doença de Maggie - que é pelo menos ''incomum'' em filmes do gênero em geral - e a própria temática farmacêutica em si . Essas ''alegorias '' acabam por fazer sentido juntas, numa unidade , afinal . Mas o que mais pode se aproveitar em Amor e Outras Drogas são as atuações de Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway . Os personagens são acima da média - principalmente a personagem de Hathaway - e as interpretações dos protagonistas são definitivamente superiores ás que podemos encontrar em filmes similares . E o melhor é que eles combinam , existe uma química interessante que deixa as cenas da dupla mais orgânicas, e talvez isso seja mérito também do diretor Edward Zwick . Apesar de aqui ele não mostrar muitos arroubos no manuseio das câmeras - faz o feijão com arroz com qualidade mínima necessária - ele tem competência suficiente para deixar os dois atores muito à vontade e extrair deles atuações muito eficientes .

O que é duro de engolir mesmo é a esquematização extrema do roteiro . Isso passa com dificuldade pela garganta , mas a perfomance de Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway são a bebida que ajuda a descer. O desfecho piegas dá uma sensação desgostosa, assim como todo o chavão presente do filme também faz . Mas, sendo um produto inofensivo , não é preciso fazer nenhuma propaganda contra - mas também não farei a favor .

3 Estrelas *** - Aceitável

Nenhum comentário:

Postar um comentário